Cinco dias após o início da ocupação de um terreno localizado no bairro da Santa Lúcia, as mais de 1.500 famílias pertencentes aos movimentos Via do Trabalho (MVT) e Luta pela Terra (MLT) afirmaram que irão resistir a uma possível ordem de reintegração de posse do local. Marcos Antônio Silva, o Marrom, porta-voz do Movimento MLT afirmou nesta sexta-feira (31) que o grupo quer resolver pacificamente a situação.

A Polícia Militar, segundo Marrom, esteve no local nesta sexta-feira (31), mas as famílias continuaram no local. O terreno possui 50 hectares e fica localizado próximo na Santa Lúcia, no bairro Tabuleiro do Martins. As famílias começaram a ocupar a área na segunda-feira (27) com o objetivo de conseguir casas para morar. Os líderes dos movimentos agrários iniciaram um cadastro dos interessados em adquirir um lote de terra no local. A procura continua, é o que se nota pelo alto número de pessoas já cadastradas: cinco mil segundo Marrom.

“São famílias de baixa renda que moram de aluguel, em casa de parentes e não tem dinheiro para comprar uma casa. Esse terreno está abandonado há anos e queremos que o governo se mobilize para resolver esta situação pacificamente. As pessoas envolvidas tem o direito a ter uma moradia decente”, disse.

O representante das famílias disse que apesar de querer negociar com a construtora de forma pacífica sem ação policial, as famílias estão dispostas a resistirem caso haja uma ação de reintegração de posse. “É uma área desocupada. Estava abandonada. Estamos dispostos a negociar, mas lutar por esta terra”, afirmou.

Para tentar viabilizar a liberação da área para as famílias, Marrom disse que já preparou um documento que pretende entregar aos representantes do governo estadual, prefeitura de Maceió e Ministério Público.

“Queremos que as esferas do poder público participem dessa negociação. Também iremos nos reunir ainda hoje na Secretaria do Patrimônio da União (SPU) para que eles também fiquem cientes da situação e nos ajudem a solucionar”, afirmou.

Construtora entrou com pedido de reintegração de posse

A construtora Lima Araújo, proprietária do terreno, afirmou que na quarta-feira (29), a empresa acionou a Justiça para ter direito a reintegração de posse da área invadida. O pedido, segundo a empresa, foi autorizado ontem e espera apenas o agendamento para que ocorra.

O CadaMinuto entrou em contato com o Centro de Gerenciamento de Crises da Polícia Militar (CGC) que afirmou estar ciente do pedido, mas que ainda não foram informados da data para acontecer a reintegração.