Nesta semana, o Ministério do Trabalho e Emprego divulgou dados referentes à geração de empregos em abril. Alagoas aparece na lista como o estado que menos gerou empregos, com 13 mil postos fechados. A Secretaria Estadual do Trabalho, Emprego e Renda garantiu que a baixa nos números é normal pelo fato da sazonalidade que o estado possui. Especialistas da área afirmam que investimento no setor da construção civil seria uma saída para driblar a queda na geração de emprego.
Os municípios de São Miguel dos campos, União dos Palmares e Teotônio Viela foram os que mais fecharam postos de emprego no período.
O Cada Minuto conversou com o economista e professor da Universidade Federal de Alagoas, Fábio Guedes, na sexta-feira (24), que explicou que a baixa geração de empregos e o número expressivo de postos de trabalho fechados têm uma explicação: a entressafra do setor sucroalcooleiro no estado.
Guedes explicou que o movimento se repete há vários anos em Alagoas. Entre os meses de março a maio, a produção da cana-de-açúcar está encerrando suas atividades produtivas. Neste período as pessoas que trabalham neste setor acabam ficando desempregadas. Porém ele afirma que estas demissões não representam um grande impacto na economia pelo fato dos trabalhadores começarem a receber logo em seguida o seguro desemprego.
“A sazonalidade do setor sucroalcooleiro acaba não representando grandes impactos na economia, já que os trabalhadores que ficam desempregados eles começam a receber o seguro-desemprego e muitos deles tem a renda reforçada com o Bolsa Família. Quando a nova safra tem início, eles retornam para o corte e beneficiamento da cana, dando continuidade a esse ciclo”, explica.
Mesmo não apresentando impactos, os números de trabalhos no setor com carteira assinada vem diminuindo consideravelmente nos últimos anos. Analisando os números dos últimos 10 anos, o número de empregos com carteira assinada no setor sucroalcooleiro caiu de 150 mil para 100 mil. O economista afirma que entre os fatores que levaram a essa queda, está a reestruturação do setor, a diminuição da área plantada e a crise financeira.
“Há um desinteresse pelo setor que vem sendo agravado nos últimos anos. Cada safra que passa menos empregos são gerados e com isso há a substituição da mão-de-obra por máquinas e com o passar dos anos vai refletir na economia”, disse.
Investimento no setor da construção civil é uma saída
No mesmo relatório divulgado pelo Ministério do Trabalho, o setor da construção civil foi o que abriu mais postos de trabalho em Alagoas. Em abril o número ficou em 433. Fábio explica que em anos anteriores, o número já foi mais alto, mas o setor continua sendo uma saída para alavancar o crescimento da geração de empregos no estado.
“Boa parte dessas vagas ficam centralizadas na capital. A construção de empreendimentos de luxo e conjuntos residenciais do Minha Casa, Minha Vida são os locais onde existem vagas para este setor. Mas se o governo quiser fazer este setor crescer, tem que organizar formas de levar esta expansão para outras cidades onde ainda se sobrevive com benefícios do governo federal ou pelo setor sucroalcooleiro”, afirmou.