Apontado como um dos possíveis candidatos à sucessão do governador Teotonio Vilela Filho (PSDB), o vice-governador José Thomaz Nonô (Democratas) esteve reunido - na manhã da quarta-feira, 22 - com o secretário-geral da sigla, o deputado federal Onyx Lorezoni (Rio Grande do Sul). 

 

Em pauta, segundo o próprio Nonô, uma avaliação crítica do próprio partido e a conjuntura local e nacional. O vice-governador avalia que o Democratas, no campo nacional, deve manter a aliança com o PSDB e marchar com a possível candidatura de Aécio Noves (PSDB), que recentemente assumiu a presidência do “ninho tucano”.

 

De acordo com Nonô, entretanto, ao Democratas cabe uma avaliação crítica de seu posicionamento no campo nacional. “Conversamos sobre a legenda. Sou membro da Executiva nacional e vejo o Democratas muito parlamentar. Temos poucos governadores. Quando se está muito tempo apenas no parlamento, olha-se muito para o próprio umbigo. É preciso estas avaliações. Na reunião de hoje, pude passar alguns reclames locais, como o quase abandono da candidatura do (deputado estadual) Jefferson Morais, em 2012. Só quem esteve ao lado dele foi José Thomaz Nonô”, frisou ainda. 

 

Para Nonô, uma avaliação positiva, onde inclusive, se pode passar o cenário local para a Executiva nacional. O vice-governador afastou - conforme ele mesmo - a possibilidade de mudança de partido, como se chegou a cogitar a ida para o PSB. “Não houve nenhuma conversa. Não houve sequer convite. Houve uma leitura errada de alguns acontecimentos. O (governador de Pernambuco) Eduardo (Campos) do PSB é um grande amigo, um companheiro. Ultimamente nos encontramos em reuniões entre governadores, onde fui representando Alagoas. Discutimos questões dos estados; agora, apoiar o projeto do Eduardo é outra coisa”, colocou.

 

Thomaz Nonô destacou ainda que houve a dobradinha entre o Democratas e o PSB na disputa pelo Executivo municipal de Maceió, em 2012, o que aproximou as legendas. “Tenho uma ótima relação com o PSB local. Houve uma aproximação entre os partidos. Mas por hora, está tudo arrumadinho por aqui. Eu sigo no Democratas”. Questionado sobre a presença do partido no cenário local, o vice-governador avalia sua agremiação como um “partido médio”.

 

“A vida inteira o Democratas foi Nonô. E eu fui parlamentar durante vários mandatos. Quando fui Executivo muitos eleitores de hoje não eram sequer nascidos. Estive na Fazenda e fizemos um bom trabalho em relação à arrecadação deste estado. Um “boom” ajudado pela economia da época. Hoje, estou no Executivo com espaço para ações. Espaço que o (governador de Alagoas) Teotonio Vilela me dá porque quer e porque confia as ações que são desenvolvidas. Tem sido gratificante e dá uma posição política ao DEM em Alagoas”, salientou. 

 

Indaguei a Nonô se este espaço não seria o prenuncio de uma candidatura ao governo do Estado em 2014. Afinal, o Executivo era pontuado com entusiasmo pelo vice-governador. Mas, a resposta foi cautelosa ao extremo. “Sobre 2014, não faço especulação. Acho maluquice discutir em 2013 o que vai acontecer em 2014. Sabe quando o ano que vem será decidido? Eu digo data e local. Será depois do carnaval, lá para abril e na Barra de São Miguel (risos)”. Nonô faz referência as reuniões de caciques que ocorrem nos balneários. Tem sido assim nos últimos pleitos.

 

Para o vice-governador é um erro a antecipação da discussão. “A política é como nuvem, você olha está de um jeito. Olha novamente, está de outro. O que adianta discutir tanto agora? Eu me recurso a entrar nesta discussão. Até porque o cargo ainda é do Teotonio Vilela”, destacou.

 

Nonô evita - inclusive - opinar sobre o futuro do governador. Ele salienta que Teotonio Vilela pode ser candidato ou não e “isto altera significativamente o cenário”. “Como o cenário também será alterado a partir da decisão do (senador) Renan Calheiros (PMDB). Se ele for candidato ao governo, o cenário é um. Se não for, é outro. É preciso aguardar, sobretudo, estas definições. Qualquer discussão agora é bobagem. A discussão é boa para a imprensa e acho até salutar que se faça”, colocou.

 

Porém, uma deixa. Ao falar do trabalho do governo, Nonô falou do quanto tem acompanhado - e até mesmo representado - o governador em reuniões com empresários ou investidores. Destacou: “é uma forma de dar segurança, caso ocorra do Teotonio Vilela ser candidato, o investidor sabe que não terá descontinuidade em processos pois tem conversado também comigo”. Para o presidente do Democratas - óbvio! - uma decisão acertada do tucano.

 

Nonô ainda brincou em relação às discussões antecipadas. “O que mais a gente ouve por aí é o cidadão dizer que não abre nem para um trem. Você vai ver que há casos que o trem nem chega e o cidadão já abriu. É um trem espiritual”. Será recado para alguém que jura que é assumidamente candidato? De todos postos, o único que tem afirmado abertamente que se encontra no páreo é o senador Benedito de Lira (PP).

 

Avaliação e críticas à Comunicação

 

Nonô - durante a conversa com este blogueiro - ainda avaliou o atual governo de Alagoas, que tem sido alvo de várias críticas, sobretudo pelas respostas pífias quando o assunto é segurança pública, em relação aos resultados da Educação e Saúde. “O governo do Teotonio Vilela Filho tem muito mais aspectos positivos que negativos. Eu me orgulho de fazer parte deste governo. Agora, uma crítica que faço porque já fiz até ao governador é a seguinte: o governo se comunica muito mal. O Téo se comunica mal. Dou até exemplo. Veja o caso do Canal do Sertão. É uma obra estruturante. Não nos apropriamos desta conquista. Não foi divulgado adequadamente”, salientou.

 

Para Nonô, na questão da segurança pública - alvo de tantas críticas - ainda há pontos positivos. “A violência que temos hoje é ligada a droga. 90% são casos assim. Já não é mais aquele antigo crime que assolava Alagoas (o crime de mando). É uma presunção ingênua dizer que vai acabar com a droga. Dar uma ênfase midiática nisto, com as propagandas das velinhas. Na minha avaliação, um erro. Enquanto há coisas extraordinárias acontecendo que mal são divulgadas, que não são “vendidas””.

 

“As casas da reconstrução que estão prontas. Não há campanha das entregas, preferem as velinhas. A mortalidade infantil que nós reduzimos e não divulgamos. São acertos extraordinários que precisam ser melhor comunicado, como os investimentos que atraímos. Aliás, neste ponto dos investimentos, o governo está de parabéns. Falta comunicação no governo. Mas, no geral a avaliação que faço é positiva e me orgulho de fazer parte,  do trabalho com projetos do Fecoep e da reconstrução”, destacou.

 

 

O vice-governador ainda arrematou afirmando que o governo poderia ter posturas outras no combate à violência. “Na minha visão, duas coisas ajudariam: colocar todos os policiais nas ruas. Hoje não estão. Estão em prédios públicos alguns. É legal? É, mas politicamente se resolve isso e se aumenta o efetivo na rua. Eu fico olhando também a quantidade de licenças para policiais civis por conta de estresse. Ora, estresse faz parte da profissão. É inerente. Na minha profissão, eu tenho estresse todo dia. Tenho que está pronto para isto. Era preciso ter uma melhor avaliação destes casos. A forma como lidar com a segurança é uma área de divergência de opiniões em alguns pontos entre mim e o governador”.

 

Nonô não discute 2014, mas sua postura dentro do governo - inclusive com os espaços que tem ocupado - é de quem se viabiliza para uma sucessão. Quanto aos problemas do governo, será mesmo há tantos aspectos positivos assim escondidos em função das falhas de comunicação? Bem, é uma avaliação do vice-governador José Thomaz Nonô. Que fique a reflexão e análise do leitor. É bom lembrar: o governo tem gasto bem com verbas publicitárias...

 

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