Atualizado às 16h50.
O julgamento do Caso PC Farias se encaminha para o seu desfecho. Após a manhã com as explicações do Ministério Público e da defesa dos réus, os trabalhos foram retomados às 15h20, no Fórum Jairon Maia Fernandes.
Durante a réplica do Ministério Público, o promotor Marcos Mousinho afirmou que a defesa dos acusados se baseia apenas em provas testemunhais, já que as provas técnicas vão de encontro à hipótese de homicídio seguido de suicídio.
“A defesa não usou as provas perícias, isso foi pouco usado”, disse Mousinho acrescentando que uma das falhas mais graves da primeira perícia realizada no local do crime foi não ter sido feito exame residuográfico nas pessoas que estavam na residência, incluindo o irmão de PC Farias (Augusto Farias).
Outra falha apontada pelo MP foi a permanência de muitas pessoas na cena do crime. “Quando os peritos chegaram tinham que ter retirado quem estava lá. Secretário de segurança, rua, rua para todo mundo que estivesse lá sem necessidade”, disse Mousinho,
Sobre a autoria do crime, o promotor afirmou: “Não vamos ter ilusões, jamais vamos saber quem matou PC Farias”.
Roteiro traçado
Mousinho classificou a estratégia da defesa como “um roteiro traçado”. Ele afirmou que as provas produzidas em plenário são mais importantes para a decisão dos jurados que o material contido nos 21 volumes do processo.
“O que vimos aqui por parte da defesa foi uma instrução e eles insistem que a altura da Suzana era relevante, isso mesmo os peritos Badan Palhares e Daniel Muñoz afirmaram aqui que isso não era relevante”, colocou Mousinho.
O promotor voltou a criticar o trabalho da perícia no dia do crime e disse que falhas nesse trabalho comprometeram o laudo final, que concluiu por homicídio seguido de suicídio.
Ao fazer explanações para os jurados, Mousinho disse que está fazendo seu trabalho guiado pela convicção. “Não tenho raiva dos peritos, dos réus nem da defesa. Estou fazendo o meu papel e amanhã vou comer uma feijoada, tranquilo. Mas, não critico ninguém, cada um tem sua convicção e temos que respeitar”, colocou ele.
Sobre a tese da defesa de que Suzana Marcolino apresentava características suicidas, Mousinho questionou o porquê de não se ter traçado o perfil psicológico de PC Farias. “Eles dois (Suzana e PC) eram parecidos, eram ambiciosos, gostavam de dinheiro e se encaixavam como a corda e a caçamba. A diferença entre os dois é que ele tinha dinheiro e ela não”, opinou.
Em relação às ligações de Suzana para o dentista Fernando Coleoni, classificadas pela defesa dos réus como uma despedida já que teria a intenção de se matar, Mousinho disse que isso não procede. “Foram as palavras de uma pessoa embriagada, Suzana estava bebendo com PC Farias e isso não tem a ver com uma mensagem de despedida ou o perfil de um suicida”, frisou.
Na tentativa de desconstruir o que foi dito por testemunhas de defesa sobre a relação entre PC e Augusto Farias, o promotor leu trechos do depoimento de Amira Lépore, que passou alguns dias na casa do tesoureiro da campanha de Collor à presidência . Na oitiva, havia relatos de discussões entre os irmãos.
“Amira disse que as brigas entre PC e Augusto giravam em torno de dinheiro e poder. Ela citou uma discussão onde Augusto disse para PC: ‘Você é um frouxo, um corno e Suzana está lhe tirando tudo. Você está sustentando ela e a família dela’. Outras brigas também foram relatadas”, expôs o promotor durante a réplica.









