Ler as notícias sobre o "funcionamento" do IML e seu eterno desrespeito às famílias enlutadas é algo que sempre me choca, por ter sentido na pele esta dor.

 

Sou um dos filhos que não teve o direito de velar e chorar a morte da própria mãe. Tive que travar uma luta contra a burocracia, o desrespeito, e a ausência de sensibilidade do governo do Estado para então - enfim! - sepultar minha mãe.

 

O sepultamento que - em virtude do corpo ter passado por necropsia algum tempo depois da morte e ainda ter demorado mais para ser liberado - teve que ocorrer às pressas. Tivemos também o constrangimento de remarcar o velório duas vezes, envolvendo inclusive notas em veículos de comunicação.

 

Muitos dos amigos de minha mãe, em função disto, não puderam ir ao velório. Em um momento que deveríamos estar focados no luto, eu estava em um combate para sepultar minha mãe de forma digna por conta da insensibilidade de nossos governantes para um problema que de longe já deveria estar resolvido.

 

Minha solidariedade às famílias por saber o real tamanho desta dor! Por saber o quanto isto marca, por saber do sentimento de impotência que toma conta das famílias, por saber o quanto somos agredidos psicologicamente em um momento de total fraqueza, em um momento de questionamentos metafísicos sobre a existência misturados com dor e saudades.

 

Ainda segui na luta cobrando ações por parte do governo em relação às necropsias para que outras famílias não sofressem o mesmo. Lembro que consegui – com o auxílio do advogado Marcelo Brabo – encaminhar sugestões para o Conselho de Segurança do Estado de Alagoas. Houve medidas por lá.

 

Mas, sempre que a “bomba” estoura são novos paliativos. Sempre paliativos até acalmar a “onda” e depois tudo volta ao mesmo lugar. Não são problemas deste governo; são problemas acumulados que se arrastam por vários governos...e segue sem solução definitiva. 

Estou no twitter: @lulavilar