A embaixada brasileira na Bolívia, localizada na capital La Paz, aguarda pela chegada de aproximadamente três deputados, na próxima quinta-feira, em Oruro. Os representantes não confirmam os nomes dos parlamentares, mas esperam por pressão a favor dos 12 torcedores corintianos presos desde a morte do boliviano Kevin Espada em 20 de fevereiro. Ao Terra, ele deu detalhes sobre a expectativa, ainda que não considere este o movimento ideal.
“Não sabemos quem vem, mas acho que eles vêm trazer a preocupação dos brasileiros com os torcedores. Também, de certa forma, fazer pressão. Isso sempre ajuda e chama a atenção da mídia, de todos”, conta o diplomata que não pode ser identificado. “Não é tudo que eles precisam, mas já é algo importante”, acrescenta.
A viagem é idealizada por Carlos Zaratini (PT-SP), membro da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara dos Deputados. Vicente Cândido (PT-SP), ligado a Marco Polo Del Nero, presidente da Federação Paulista de Futebol (FPF), e também ao Corinthians, é um dos nomes cotados para desembarcar, quinta-feira, em Oruro. Antes disso, já na próxima quarta-feira, o presidente corintiano Mário Gobbi tem audiência marcada com Antonio Patriota, ministro das Relações Exteriores. O objetivo de todas as ações é um só: tentar despertar uma intervenção do governo federal junto às autoridades bolivianas.
Até aqui, visitas pontuais foram feitas aos 12 presos. Primeiro pelo deputado Walter Feldman (PSDB-SP) e, na última semana, pelo senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES). Ele é presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado e defende a ideia de que a justiça boliviana usa os torcedores como objeto de barganha política. Há registros de torturas contra os brasileiros, conforme veiculado pela Revista IstoÉ. No último domingo, Mário Gobbi fez desabafo no Estádio do Morumbi.
“Isso é uma nojeira tão grande. Essa brutalidade é maior até do que a morte do Kevin. Estão querendo pagar a morte sequestrando pessoas inocentes”, discursou Gobbi. “Não se paga um crime cometendo outro crime! Isso acontecia na ditadura deste País. É preciso 12 mãos para disparar um sinalizador? Ninguém tem prova nenhuma”, reclamou, aos brados.
As relações entre brasileiros e bolivianos se reaquecem nos próximos dias. Na mesma quinta-feira em que são aguardados os deputados do Brasil em Oruro, o São Paulo visita o The Strongest pela Copa Libertadores, mas em La Paz. No domingo, a Seleção Brasileira enfrenta a Bolívia em Santa Cruz De La Sierra. Uma parcela da renda da partida, que não deve ter jogadores que atuam na Europa, será destinada à família de Kevin Espada.