Foi um contato entre o Ministério Público de São Paulo e o de Alagoas que começou as investigações, via Conselho Nacional de Justiça (CNJ), contra o desembargador e ex-presidente do Tribunal de Justiça, Washington Luiz Damasceno Freitas.

Ao investigar a máfia da merenda, os promotores de São Paulo descobriram que o desembargador recebeu propina de R$ 400 mil para beneficiar uma empresa ligada à máfia. Não houve sofisticação: Washington recebeu o dinheiro através de seu chefe de gabinete, identificado como Morgan. O depósito foi feito na conta de Morgan.

O dinheiro foi entregue após o desembargador dar o efeito suspensivo para a empresa. Ou seja: obrigava a Prefeitura de Maceió a ter os serviços de merenda terceirizada, mesmo com a negativa da Procuradoria Geral do Município e das investigações, levadas adiante, pelo MP alagoano, pedindo a recisão do contrato entre a Prefeitura e a empresa.

O então procurador-Geral de Justiça, Eduardo Tavares Mendes, encaminhou o caso à Corregedoria Nacional do Conselho Nacional de Justiça, após conclusão local das investigações. 

Esquema

O esquema da merenda em Maceió foi descoberto em 2006, pelo Ministério Público Estadual de Alagoas. Uma prática semelhante aconteceu em São Paulo, só que foi descoberto cinco anos depois.

Em São Paulo, o empresário Genivaldo Marques dos Santos, pivô da chamada "máfia da merenda", relatou ao Ministério Público Estadual (MPE) do Estado supostos pagamentos de propinas e doações ilegais para campanhas eleitorais em pelo menos 57 cidades e dois governos estaduais. O empresário fornecia informações a promotores desde 2006 em troca da redução da pena (delação premiada). 
 
Segundo ele, a "máfia da merenda" atuava em Maceió, Recife, Diadema (São Paulo), São Luis (Maranhão), Carapicuíba, Taubaté, Marília, estas últimas em São Paulo. Entre os citados, um deputado federal. Em Maceió, a máfia pagava propina de 15%, todo o dia 10, o que equivalia a R$ 35 mil.