A defesa dos indiciados no inquérito do incêndio da Boate Kiss se manifestou nesta sexta-feira após a divulgação do resultado das investigações da Polícia Civil. Os advogados de Mauro Hoffmann, um dos sócios da casa noturna, afirmaram que não ficaram surpresos com o indiciamento de seu cliente, que foi incurso 241 vezes no artigo 121 (homicídio doloso com dolo eventual).
"Não causou surpresa, em absoluto, o indiciamento de Mauro Londero Hoffmann pela autoridade policial, na medida em que, por diversas oportunidades, e muito antes de provas fundamentais terem sido coletadas, os delegados que conduziram a investigação anteciparam o seu indiciamento, fato igualmente corroborado pelo Ministério Público, a partir das inúmeras entrevistas concedidas aos mais variados órgãos de imprensa", informaram, em nota, Bruno Menezes e Mario Cipriani.
Os defensores também criticaram o inquérito entregue à Justiça pela Polícia Civil. "O inquérito apresenta impropriedades tanto de ordem técnica, como de lógica jurídica, que serão, ponto a ponto, afastados ao longo da instrução processual, como a esdrúxula imputação de concurso material, ou ainda a diferenciação de imputação de crime culposo para uns e de dolo eventual para outros, sobretudo quando a base da investigação é a da assunção de risco."
Os advogados afirmaram que devem explorar o fato de alguns agentes terem sido denunciados e outros não, apontando que o inquérito foi parcial. "Dizer que a casa noturna funcionava de forma temerária, mesmo estando toda sua documentação regular junto aos órgãos públicos competentes, e não indiciar todos os demais envolvidos pela mesma assunção de risco, se é que há, demonstra que a investigação parece privilegiar ou proteger uns, em detrimento de outros, quando o núcleo fundamental de suas condutas teria sido exatamente o mesmo".
O Terra entrou em contato com Jader Marques, advogado do outro sócio da boate, Elissandro Spohr, o Kiko, mas ele não atendeu às ligações. Pelo Facebook, o defensor evitou criticar o trabalho da polícia. "Posso ter enormes divergências, no plano das ideias, com os resultados da investigação do incêndio na Kiss, mas não seria correto negar a dedicação e o profissionalismo de todos os policiais civis envolvidos. Fizeram o máximo que podiam", escreveu.
"Qualquer divergência que eu tenha, e tenho muitas, não retira dos profissionais o mérito pelo empenho na realização do trabalho", completou Marques. Omar Obregon, advogado de Marcelo dos Santos, vocalista da banda Gurizada Fandangueira, e Gilberto Weber, advogado de Luciano Bonilha Leão, produtor da banda, não foram localizados pela reportagem para comentar os indiciamentos.








