A tentativa de desvincular a criação da legenda das eleições de 2014 também fracassou: a vereadora de Maceió Heloisa Helena, ex-candidata do PSol à Presidência, lançou Marina Silva para a disputa ao Palácio do Planalto.
A ex-senadora Heloísa Helena, por sua vez, avisou que "quem rouba não entra aqui", referindo-se ao novo partido criado pela ex-senadora e ex-ministra do meio ambiente, Marina Silva.
O encontro, realizado em uma casa de eventos à beira do Lago Paranoá, custou R$ 150 mil, e os recursos foram rateados pelos apoiadores do novo partido.
As estruturas eram de materiais sustentáveis e os organizadores distribuíram canecas para evitar o uso de copos plásticos. Parlamentares que pretendem migrar para a Rede, como os deputados federais Domingos Dutra (PT-SP) e Walter Feldman (PSDB-SP), dividiram o palanque com Marina e Heloisa Helena. Mas algumas ausências foram sentidas, como a do deputado Alfredo Sirkis (PV-RJ), que enviou uma carta lida no encontro.
A rede de Marina
Estive ontem com nossa querida Marina Silva para ajudá-la na construção da Rede, disse hoje(dia17) a vereadora do Psol, Heloisa Helena.
Segundo ela, " rede que pra nós nordestinos é símbolo de acalanto (aliás, ainda lembro do barulhinho feito lamento do punho da rede da minha infância no sertão ou embalando meus filhos ao sono ou agora com minha netinha)... rede que pesca o alimento a ser partilhado, rede trançada pelas mãos dos povos indígenas ou das artesãs, rede que aqui na internet promove encontros de lutadores e potencializa as construções de sonhos e lutas honradas, e tantas outras redes mais que se entrelaçam e simbolizam aprendizados como a Fita de Moebius ou constituem nas mãos que se entrelaçam a motivação para que suas mentes e corações possam construir novos, melhores e mais justos caminhos nas pequenas e belas revoluções cotidianas que possibilitam a melhoria da vida do nosso povo!"
Heloisa, disse, estaremos ajudando MarinaSilva com toda persistência necessária nesta duríssima tarefa de construção do novo Partido, pois evitará o oportunismo eleitoral e desprezível de fazer “entrismo” em partidos .
De olho em 2014
De olho nas eleições presidenciais de 2014, a ex-ministra Marina Silva começou no sábado a coletar assinaturas para criação de um novo partido político. Debaixo de gritos de "Brasil urgente, Marina presidente", ela foi lançada ao Palácio do Planalto por cerca de mil militantes da futura legenda, com nome oficial de Rede Sustentabilidade.
Ao defender princípios éticos, Marina afirmou que a sigla não será "nem oposição, nem situação" ao governo de Dilma Rousseff, mas admitiu fazer "alianças pontuais" em torno de ideias.
Apesar de exigir "ficha limpa" para seus dirigentes partidários e candidatos, os filiados não precisarão seguir a mesma regra. O partido aceitará, por exemplo, quem tiver sido condenado por crimes como invasão de terra, que a cúpula da Rede classifica como "crime político".
"Para filiar não precisa de ficha limpa porque existem militantes que defendem a causa do movimento e que, por alguma perseguição política, respondem a processos judiciais", afirmou o deputado Walter Feldman (SP), que deixará o PSDB para ingressar no novo partido. Ele ressalvou, no entanto, que "não serão aceitos aqueles que respondem a crimes do colarinho branco, como corrupção."
Ambiente
Com um discurso recheado de menções ao meio ambiente, Marina Silva afirmou que o novo partido não fará oposição ao governo Dilma. "Nós não seremos nem oposição nem situação à Dilma (Rousseff).
Se a presidente estiver fazendo algo bom para o Brasil, nossa posição é favorável. Se ela for contra o Código Florestal, nossa posição é contrária", afirmou Marina, em um de seus discursos. "É um partido para questionar a si próprio. Não pode ser um partido para eleição", completou. "(O partido) não precisa ter postura de manada."
Marina disse também que o novo partido não é "nem de esquerda, nem de direita, nem situação, nem oposição. Estamos à frente."
Dizendo que são "diferentes", a ex-senadora e ex-ministra do governo Lula, Marina defendeu alianças partidárias. "Podemos fazer alianças pontuais. Não precisamos eliminar sonhos. Mas é preciso que fique claro que somos diferentes." Lembrou ainda que a nova legenda não tem "uma liderança única e, sim, multicêntricas".
O governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), também presidenciável para 2014, a deputada Luíza Erundina (PSB-SP) e o frei Leonardo Boff limitaram-se a mandar mensagens escritas desejando sucesso ao novo partido.
O cantor Gilberto Gil gravou um vídeo exibido na festa. O senador Eduardo Suplicy (PT-SP), esperado durante todo o dia, chegou somente no início da noite.
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