A partida entre 4 de Julho e River-PI, válida pela terceira rodada do Campeonato Piauiense, terminou no Distrito Policial. A Federação de Futebol do Piauí (FFP) identificou 115 ingressos falsos, que supostamente estariam sendo comercializados nas bilheterias do Estádio Ytacoatiara, em Piripiri, local do jogo.

Durante a arrecadação, a entidade suspeitou da diferença do número de torcedores presentes com a renda total da partida. Um boletim de ocorrência foi registrado no 1º DP da cidade para abertura de inquérito policial. A diretoria do Colorado rebate a denúncia e informou que os ingressos não foram vendidos, apenas utilizados como mecanismo de separar o público pagante e não pagante.

As diferenças entre o ingresso falsificado com o oficial, vendido pela FFP, são gritantes. Além da composição do material, os bilhetes apreendidos não apresentam código de barras, a assinatura da entidade e o canhoto de destaque para o sorteio de promoções patrocinadas pela Federação.

Os ingressos falsos foram impressos pela Gráfica Ideal, de Piripiri. O nome da empresa está destacado na lateral do bilhete, que ainda traz o escudo do 4 de Julho e um logo com a marca “ 100 anos de Piripiri”. De acordo com a FFP, 2.500 ingressos foram distribuídos à diretoria do 4 de Julho para comercialização. Destes, 390 foram vendidos – o que gerou uma renda de R$ 4.400. O presidente da entidade, Cesarino Oliveira, entretanto, pondera que no estádio havia mais torcedores, fato que levantou suspeita.

- A quantidade visual de pessoas no estádio não correspondeu com o apurado oficialmente. Quando abrimos as urnas, onde os ingressos eram depositados pelos torcedores, percebemos os ingressos falsos. Foi uma surpresa nada agradável. Alguém - isso caberá à polícia identificar - estava vendendo ingressos de forma paralela. É uma imoralidade, que cabe ao questionamento: será que não estava acontecendo antes? – questionou Cesarino Oliveira.

A responsabilidade da venda de ingressos é do clube mandante, no caso o 4 de Julho. Entretanto, a FFP entra como corresponsável, através da prestação de contas e borderôs. De acordo com Cesarino Oliveira, possíveis punições serão tomadas pela FFP após a conclusão do caso pela polícia. No entanto, a entidade afirma que irá intensificar as fiscalizações nas bilheterias, principalmente nos estádios do interior do estado.

- Não podemos fazer um pré-julgamento. Vamos deixar a polícia investigar para saber o que de fato ocorreu. Mas o fato mostra que temos que mudar algumas rotinas de fiscalização. A venda de ingressos falsos torna a imagem do futebol arranhada, sem credibilidade ou transparência. Temos que combater esse tipo de situação, que tira do futebol os recursos – comentou Cesarino.  

‘Foi um mal entendido’, diz presidente

Segundo a diretoria do 4 de Julho, a falsificação de ingressos não existiu. Djalma Morais, presidente do clube, informou que os bilhetes – diferentes do distribuídos pela FFP – foram uma maneira encontrada pelo time para separar o público pagante daquele que teve entrada livre no Ytacoatiara. Além disso, de acordo com Djalma, a Federação não encaminhou os ingressos femininos. A alternativa, completa o presidente, foi recorrer aos ingressos já impressos, que totalizaram R$ 200.

- Se aconteceu algum problema, tinha que ser informado. Não temos nada a esconder, pois trabalhamos com transparência. Esse ingresso é de temporadas passadas, não tem porque o 4 de Julho vender ingressos falsos, pois o prejuízo será nosso. Acredito que houve um mal entendido e estamos dispostos a esclarecê-lo – rebateu Djalma Morais, acrescentando que o fato seria comunicado a Federação.