A presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, sabe que tem um duro desafio em seu segundo ano à frente da estatal. Muito embora faça planos otimistas para a empresa, que "vai dobrar de tamanho até 2020, com uma produção diária de 5 milhões de barris (petróleo e gás)", tem pela frente "um primeiro semestre ainda mais difícil que 2012", após um tombo de 36% no lucro líquido (R$ 21,1 bilhões) e a necessidade da convergência de preços frente ao mercado internacional, que pressiona a alta dos combustíveis no País.
"A política da Petrobras não é a do 'passa e repassa', como praticam outras empresas do ramo, imaginar que vamos ter um mercado inflacionado é muito ruim para nós", explicou Graça. "Mas o câmbio jogou contra a companhia", salientou ainda, de forma que, num primeiro momento, não existe a prerrogativa, por mais que o governo federal atente com incentivos para conter uma alta no mercado, de impedir novos reajustes nos postos de combustíveis.
"Nós trabalhamos pela convergência dos preços. Se há uma diferença, é nosso dever mostrar as consequências ao nosso investidor", completou. No ano passado e início de 2013, a Petrobras reajustou três vezes o preço do diesel (no acumulado, alta de 16%), e duas vezes o da gasolina (15%). O preço do petróleo tipo brent, referência para o mercado internacional, resultou numa alta de 17% no comparativo em reais.
Além disso, como explicou também o diretor financeiro da estatal, Almir Barbassa, para suprir a necessidade do mercado interno, a Petrobras se viu ainda obrigada a importar petróleo e seus derivados a um custo que ocasionou um déficit de 96% maior no ano passado, se comparado com o mesmo levantamento de 2011. No final das contas, para manter toda esta paridade, a estatal teve um prejuízo de R$ 22,93 bilhões em 2012. Sem contar o fato de que a previsão da companhia é de uma alta de 4% no consumo no mercado interno este ano.
"Esse aperto tem trazido uma responsabilidade ainda maior sobre nossas ações, temos buscado aumentar nossa produtividade como gestores da economia. Temos que ser mais produtivos e efetivos. Tudo é muito sensível", voltou a afirmar Graça Foster.
De acordo com o diretor de exploração e produção, José Formigli, existe ainda um planejamento de contenção de plataformas para que "seja feita as devidas manutenções, com mais segurança, dentro de um plano de custos e efeitos".
Graça Foster, no entanto, usa, enfim, do otimismo ao comentar que a partir de agosto ou setembro, com a entrada de sete novas plataformas e o aumento da extração de óleo nas unidades, "a situação deve melhorar". "Temos que acertar mais, fazer previsões melhores, mas está tudo construído na ponta do lápis", finalizou.