Quem viajou de avião no Brasil entre janeiro e setembro do ano passado pagou em média 273,32 reais pela passagem aérea, segundo dados divulgados nesta quinta-feira pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e que são corrigidos pela inflação. Na comparação com o mesmo período de 2011, houve redução de 0,15% e o passageiro pagou alguns centavos a menos -- (273,71 reais). O valor é menos da metade do que era cobrado há dez anos, de 468,71 reais.
Na comparação do terceiro trimestre de 2012 com igual período de 2002, foi constatado que o passageiro pagou menos da metade do valor que pagava há 10 anos para voar. Em 2012, o valor médio da passagem doméstica no trimestre foi de 267,31 reais ante 542,64 reais de 2002.
"Em 2002, apenas 30,45% das passagens aéreas eram comercializadas com tarifas inferiores a 300 reais. Hoje, são aproximadamente 70%", disse Danielle Crema, superintendente de regulação econômica da Anac.
De acordo com o levantamento, 68,89% dos assentos comercializados de janeiro a setembro do ano passado foram vendidos com valores inferiores a 300 reais. Tarifas inferiores a 100 reais representaram 15,63% em igual período. Passagens com valor superior a 1 500 reais representaram 0,23% dos bilhetes vendidos.
A redução de preços reflete a dificuldade das companhias aéreas em repassar os aumentos de custos para o valor do bilhete. O preço do combustível em dólar, que representa cerca de 40% do custo das companhias aéreas brasileiras, subiu cerca de 35% de janeiro de 2010 a setembro de 2012.
Tendência - "O setor aéreo é muito competitivo. As empresas enfrentam dificuldade em recompor preços", disse Gianfranco Beting, diretor de comunicação da Azul. Para conseguir repassar o aumento de custos, as companhias brasileiras pisaram no freio. A oferta de assentos no mercado de voos domésticos caiu 5,7% em novembro, na comparação com o mesmo mês de 2011.
Segundo a Anac, nos últimos dez anos, a oferta, representada pela quantidade de assentos-quilômetro ofertados, mais do que duplicou, com variação de 138% e taxa média de crescimento de 10% ao ano. Já a demanda, representada pela quantidade de passageiros-quilômetros pagos transportados, quase triplicou e atingiu variação de 195% e taxa de crescimento de 12,8% ao ano.
"Se aumentarmos o preço, a demanda diminui. Por isso, estamos trabalhando com uma maior disciplina de capacidade para aumentar a ocupação das aeronaves", disse a TAM, em nota. As companhias aéreas afirmam que a tendência é de recuperação de preços. Apesar de também enxergar a necessidade de elevar tarifas, a Gol disse, em nota, que ainda oferecerá preços menores que o ônibus em vários trechos.
Valor médio - O valor médio pago por passageiro em cada quilômetro voado (medido pelo Yield Tarifa Aérea) foi de 0,34605 real no período de janeiro a setembro de 2012, valor 0,80% inferior ao mesmo período em 2011 (0,34883 real) e menos da metade do apurado em 2002 (0,76927 real).
Ainda nesta quinta-feira, a Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear) afirmou que suas associadas transportaram, durante todo o ano de 2012, 75 milhões de passageiros, sendo 6,38 milhões somente em dezembro.
Como dezembro é um dos meses de maior movimento do ano, a maioria das empresas programou um aumento na oferta de assentos, que foi de 6,64% na TAMa 15,95% na Azul, comparados a novembro. A única exceção foi a Gol, que manteve sua oferta praticamente inalterada - queda de somente 0,14%.
Ainda segundo a Abear, a oferta total da indústria de transporte aéreo foi 5,1% maior em dezembro, e a demanda 7,1% superior ao mês anterior. A demanda cresceu entre novembro e dezembro 13,11% na Azul (maior alta) e 4% na Gol (menor crescimento).