O primeiro depoimento no julgamento dos dois acusados de sequestrar e matar o estudante Fábio Acioli foi do policial civil Luciano Pereira que, na época do crime, atuava como chefe de operações da Delegacia de Homicídios e esteve comandando investigações sobre o brutal assassinato do jovem.

Luciano Pereira foi peça importante no caso, já que as primeiras diligências e investigações foram comandadas pelo agente da Polícia Civil de Alagoas. Durante o júri, o juiz Geraldo Amorim leu o depoimento do policial à Justiça durante a fase de instrução e todas as declarações foram confirmadas por Pereira.

O policial confirmou também que a prisão dos réus Carlos Eduardo e Wanderley Nascimento aconteceu graças uma denúncia anônima. Eles foram localizados numa residência alugada no Vale do Reginaldo, em Maceió, juntamente com outras duas pessoas, que chegaram a ser presas também, mas tiveram a participação no crime descartada.

Segundo Luciano Pereira, os acusados moravam, anteriormente em Olho D’Água das Flores, cidade onde trabalhavam como prestamistas. Testemunhas que estiveram com o estudante no dia do desaparecimento do estudante reconheceram os réus como sendo as pessoas que seqüestraram Fábio Acioli: o garçom Marco Aurélio e o funcionário público Rafael Cícero de França, que morreu no ano passado vítima de um AVC.

Durante o depoimento, o agente confirmou que o garçom passou um bom tempo vivendo de maneira itinerante, para não desaparecer durante as investigações e chegou a ser incluído no Programa de Proteção às Testemunhas. Marco Aurélio pediu para sair do programa e desde então não é mais visto em Alagoas. “Era ele a pessoa que mais passava informações à polícia. Fazia a segurança dele e sempre conversávamos bastante”, colocou Pereira.

Geraldo Amorim ainda questionou se na época do crime, Marco Aurélio chegou a citar um possível autor intelectual, mas de acordo com Luciano Pereira, o garçom nunca confirmou um nome, mas como convivia com Fábio Acioli chegou a citar nomes de várias pessoas, inclusive empresários alagoanos.

Luciano Pereira ainda respondeu alguns questionamentos do promotor José Antônio Malta Marques, antes do julgamento ser interrompido para um breve intervalo. 

Entenda o caso

Fábio Acioli era estudante universitário do Centro de Ensino Superior de Maceió (Cesmac) e na noite de 11 de agosto de 2009, seguia de um curso de inglês para casa quando, ao parar numa banca de revistas em Cruz das Almas, foi abordado e colocado na mala de seu veículo pelos seqüestradores.

Eles seguiram com o estudante para um canavial no Complexo do Benedito Bentes, onde jogaram gasolina em seu corpo e atearam fogo. O estudante conseguiu apagar algumas chamas e foi socorrido por populares que acionaram o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU). Apesar de lutar pela vida e ser transferido para o Hospital da Restauração em Pernambuco, Fábio Acioli não resistiu aos 80% do corpo queimado e faleceu devido uma infecção generalizada.

A Polícia Civil de Alagoas designou três delegadas para atuar no caso. Porém, a conclusão do inquérito não deixou claro para a justiça quem seriam os mandantes do crime. A polêmica sempre girou em torno da participação de ‘figuras públicas’, o que ocasionou várias manifestações da sociedade alagoana contra a Justiça em busca de uma punição.