O defensor público Ryldson Martins, que atua na defesa dos dois acusados de matar o estudante Fábio Acioli, tentou o adiamento do julgamento do caso, mas teve o pedido indeferido pelo juiz que preside o júri, Geraldo Amorim, da 9ª Vara Criminal da Capital.
A alegação do advogado é de que duas testemunhas consideradas importantes para a defesa não foram encontradas para prestar depoimento durante o julgamento, que acontece na manhã desta terça-feira (150, no Fórum de Maceió.
Essas testemunhas já haviam prestado depoimento em juízo na fase de instrução e deveriam, hoje, confirmar os álibis dos dois réus, o que comprovaria a inocência dos acusados do crime. As testemunhas foram identificadas como Marcos e a esposa Tânia e segundo a defesa iriam provar que no dia do crime os réus estavam em Olho D’água das Flores.
Ainda de acordo com Martins, as testemunhas seriam fundamentais para ‘desmascarar’ o garçom Marcos Aurélio, que confirmou a participação de ambos no assassinato. O garçom trabalhava num bar na orla de Cruz das Almas, local de onde o estudante foi levado pelos assassinos.
Apesar das alegações, o juiz Geraldo Amorim negou o adiamento do julgamento. Ao advogado, o magistrado disse que, apesar do defensor ter razão no pedido, não poderia interromper o processo devido à ausência das testemunhas, já que todas foram ouvidas durante a fase de instrução.
"Não tenho como saber onde essas testemunhas estão no momento. Elas podem estar morando em outro município ou estado e se caso não forem encontradas, o julgamento nunca poderia acontecer. Mas se por acaso, o advogado souber o local onde elas estão aqui em Maceió, basta informar que mandarei buscá-las", respondeu o juiz.
Mesmo sem conseguir o adiamento, o defensor garantiu que o pedido ficará registrado na ata final do julgamento e que há a possibilidade de que a sentença seja anulada, já que a decisão do juiz fere o direito a ampla defesa de qualquer cidadão.
“O adiamento não foi concedido pelo magistrado, mas nada impede que com a conclusão a defesa tente anular a sentença com base na falta das testemunhas. Se não conseguir na esfera estadual, irei impetrar um recurso junto ao Supremo Tribunal Federal”, concluiu Martins.
Entenda o caso
Fábio Acioli era estudante universitário do Centro de Ensino Superior de Maceió (Cesmac) e na noite de 11 de agosto de 2009, seguia de um curso de inglês para casa quando, ao parar numa banca de revistas em Cruz das Almas, foi abordado e colocado na mala de seu veículo pelos seqüestradores.
Eles seguiram com o estudante para um canavial no Complexo do Benedito Bentes, onde jogaram gasolina em seu corpo e atearam fogo. O estudante conseguiu apagar algumas chamas e foi socorrido por populares que acionaram o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU). Apesar de lutar pela vida e ser transferido para o Hospital da Restauração em Pernambuco, Fábio Acioli não resistiu aos 80% do corpo queimado e faleceu devido uma infecção generalizada.
A Polícia Civil de Alagoas designou três delegadas para atuar no caso. Porém, a conclusão do inquérito não deixou claro para a justiça quem seriam os mandantes do crime. A polêmica sempre girou em torno da participação de ‘figuras públicas’, o que ocasionou várias manifestações da sociedade alagoana contra a Justiça em busca de uma punição.










