Ciente do interesse do Palmeiras em contratar Riquelme, a diretoria do Boca Juniors resolveu dar uma espécie de ultimato ao ídolo. Depois de recusarem o pedido do jogador para ampliar o vínculo até 2015, os dirigentes resolveram adotar um discurso de que o camisa 10 terá que se justificar à torcida por não cumprir o contrato com duração até julho de 2014 - no momento, o mesmo está suspenso.

De acordo com o jornal argentino Olé, um dos diretores presentes na reunião que definiu a nova postura diante de Riquelme disse que não podem "lhe entregar as chaves do clube a troco de nada". "Se quer voltar e jogar, pode voltar e jogar. Se não aceita, terá que dar explicações aos torcedores. Desta vez, não há desculpas", completou o dirigente.

E Riquelme já não é mais unanimidade. Foi encontrado em um poste em Buenos Aires um cartaz com o número circulado e um "X" em cima e os dizeres "Corinthians 2 x 0 Boca. Tolerar uma traição é provocar outra. Chega de panelinha! Força Angelici!", com a assinatura de "Resistência do Boca".

O recado é em relação ao último jogo do meio-campista pelo Boca, na derrota para o Corinthians pela Copa Libertadores deste ano, em 4 de julho. Seis horas antes de entrar em campo, o ídolo anunciou que não ficaria no time, até pelo mau relacionamento com o técnico Julio Falcioni. Dias depois, se desentendeu com o presidente Daniel Angelici por não ter assinado a liberação para defender o Cruzeiro.

O contrato de Riquelme foi suspenso e o Palmeiras oficializou o interesse por ele, embora tenha se reunido na semana passada em Buenos Aires com o vice-presidente Roberto Frizzo e o gerente de futebol César Sampaio sem ouvir qualquer oferta salarial segundo o irmão, Cristian Riquelme. Contra o time alviverde ainda pesa o fato de o Conselho de Orientação e Fiscalização ter ganhado poder para vetar qualquer contratação até as eleições presidências no dia 21.

O Boca, por outro lado, recontratou Carlos Bianchi, técnico que Riquelme considera um segundo pai. Ele abriu as portas da casa na quarta para conversar com o meia e também com o presidente Angelici que, segundo o Olé, disse ao jogador: "lembre que foi você quem se foi, não nós que abrimos mão de você".

Agora, apesar do ultimato, o Boca está otimista quanto a Riquelme se apresentar com o elenco para o início dos trabalhos de Bianchi no dia 5. "O Riquelme nunca nos disse ‘se não aceitarem ampliar meu contrato até 2015, não fico'. Não foi uma condição", informou o vice-presidente Juan Carlos Crespi.

"O Román é inteligente dentro e fora de campo. Nós nos manifestamos que o técnico o considera importante, e o clube abre as portas ao ídolo que se foi por decisão própria. Esperamos uma resposta favorável", disse o presidente Angelici.

"Está tudo dado para que ele volte a usar a 10 do Boca. Não tenho nenhuma dúvida de sua volta porque seu desejo é jogar no Boca. Esperamos sua resposta positiva e em 5 de janeiro espero recebê-lo", completou Crespi.