Até o final da tarde desta quinta-feira, 51 pessoas foram presas na Operação Calouro, deflagrada ontem pela Polícia Federal (PF) em nove Estados e no Distrito Federal. A ação tem como objetivo desarticular organizações criminosas especializadas em fraudar vestibulares para entidades de ensino superior de Medicina em todo o Brasil. Os valores das vagas chegavam a girar entre R$ 45 e R$ 80 mil.
A operação está centrada no Espírito Santo, onde foram iniciadas as investigações há cerca de um ano e meio. No Estado, foram identificados cerca de sete grupos, sendo que dois deles atuam há mais de 15 anos. Outra parte, age há cerca de 10 anos e os mais novos atuam há menos de 5 anos. Até o momento, cerca de 40 instituições de ensino superior foram vítimas da atuação das quadrilhas em todo o País.
A PF ainda não tem como precisar quantas pessoas foram beneficiadas pois ainda analisa o material apreendido. A polícia informa que a primeira fase das investigações foi voltada aos membros permanentes da quadrilha. Na segunda fase, o foco será nos alunos beneficiados pelo esquema. Os que forem identificados serão indiciados e, posteriormente, responderão a processo criminal. Segundo a PF, tão logo os dados possam ser compartilhados, com autorização judicial, com as instituições, esses alunos poderão ser excluídos administrativamente ou judicialmente.
Cada quadrilha tinha uma forma de cobrança mas, no geral, o recebimento do dinheiro ocorria apenas após a aprovação. De acordo com a polícia, algumas cobravam uma parte do valor (em torno de R$ 2 a R$ 5 mil ) adiantada. As quadrilhas se concentravam em Goiás e Minas Gerais e visavam, principalmente, as universidades particulares, já que, de acordo com a PF, o forte esquema das federais nos processos seletivos inibiam a atuação dos quadrilheiros.
As investigações apontam que uma das formas de agir das quadrilhas era por meio de transmissão eletrônica dos gabaritos. Em outras, um integrante da quadrilha falsificava documentos e fazia a prova no lugar do verdadeiro candidato. São os chamados “pilotos”, que normalmente eram estudantes de Medicina ou de cursos preparatórios para vestibular.