Com o intuito de entender melhor os hábitos e atitudes de pessoas que transportam crianças de até dez anos em automóvel de passeio, a ONG CRIANÇA SEGURA em parceria com a ABRAPUR (Associação Brasileira de Produtos Infantis) apresenta o Relatório de Uso da Cadeirinha em Automóvel, desenvolvido pelo Instituto de Pesquisas Datafolha, em setembro deste ano.


O levantamento de dados foi realizado entre os dias 16 e 25 de agosto, através de pesquisa quantitativa, com abordagem pessoal em pontos de fluxo populacional. A checagem também contou com entrevistas telefônicas, feitas após a coleta inicial de dados. A primeira teve como objetivo levantar a proporção e o perfil do público alvo, enquanto a segunda, investigou hábitos de uso da cadeirinha.

Foram entrevistados 3915 adultos a partir dos 18 anos, de todas as classes sociais, em todo território nacional.

O estudo aponta que 12% da população adulta brasileira transporta crianças em carros de passeio, contra 18% que não o faz. Outra constatação da pesquisa é de que a grande maioria dos condutores que possuem este hábito é masculina, com média de 38 anos, vivem nas capitais, pertencem à classe B, são mais escolarizados (nível médio e superior) e com renda familiar aproximada de R$3.969.

A análise observa, também, que o transporte de crianças de 0 a 10 anos em cadeirinhas é mais expressivo na região Sul do país (20% da população adulta), enquanto a região Nordeste detém o menor percentual (18% dos adultos). As regiões sudeste e centro-oeste perfazem 47% e 15%, respectivamente.

Por outro lado, os motoristas que não transportam crianças de até 10 anos de idade em dispositivos de segurança, apresentam também o perfil masculino em sua maioria, porém mais velhos (média de 40 anos), menos escolaridade, de classe C, com renda familiar mais baixa e com residência no interior das capitais.

Das crianças transportadas em automóveis de passeio há equilíbrio na distribuição por sexo e a maior parte (67%) possui até 5 anos. O não uso do equipamento é mais significativo entre as crianças com idade entre 8 e 10 anos, pois os responsáveis consideram que, pelo porte físico da crianças, já não é necessário o uso do dispositivo.

Outro ponto importante do estudo esclarece as razões do uso e do não uso das cadeirinhas pelos condutores. 94% deles afirma utilizar o dispositivo por questões de segurança; 37% preocupam-se com a obrigatoriedade do uso (multas); 13% pensam no conforto da criança e 3% utilizam para que a criança não desvie a atenção do motorista.

Uma maior fiscalização, a ocorrência de um acidente, inexistência de cinto de segurança e se as crianças fossem menores, são os motivos que fariam alguns motoristas utilizarem o dispositivo de segurança para crianças em carros de passeio. Para este grupo, o problema é a falta de informação combinada com a falta de fiscalização.


Vale lembrar que o acidente de trânsito (que vitima a criança na condição de pedestre, passageira de veículo e ciclista) é a causa líder de mortes por acidentes na faixa etária de 0 a 14 anos no Brasil. Em 2010, 685 crianças morreram como passageiras de veículos e 3.673 foram hospitalizadas, segundo Ministério da Saúde.

A partir deste estudo, a CRIANÇA SEGURA considera fundamental as seguintes ações pelos órgãos de trânsito:

· trabalhar a população das cidades do interior com mensagens educativas sobre a importância do uso da cadeirinha;
· fazer mais campanhas educativas para toda a população sobre a segurança de criança dentro dos veículos;
· fortalecer a fiscalização da resolução 277/2008 do Contran, pois o estudo mostra que com isso as pessoas protegeriam mais as crianças nos carros;
· ampliar a idade e o peso para a obrigatoriedade do uso da cadeirinha e do assento de elevação até dez anos ou 36 kg, pois as crianças até esta idade ainda são frágeis e não têm altura para o cinto. Salientando que os produtos são fabricados por peso e essa deve ser a orientação para o uso também.

CRIANÇA SEGURA

Organização da Sociedade Civil de Interesse Público, dedicada à promoção da prevenção de acidentes com crianças e adolescentes de até 14 anos. A ONG conta com a contribuição de parceiros institucionais, como Johnson & Johnson e parceiros de programas, como FEDEX, Fumcad-SP e Abrapur – Associação Brasileira de Produtos Infantis.