Depois de ficar marcada para a população alagoana como o superintendente da Policia Federal que este a frente do cargo durante a Operação Taturana, que desbaratou um esquema de corrupção de quase 300 milhões de reais, o delegado aposentado Pinto de Luna saiu da insituição, foi candidato a deputado federal e acabou ocupando dois cargos importantes na gestão do prefeito Cicero Almeida, a SMTT e a Secretaria deSegurança Comunitária e Cidadania.
Pouco depois de pedir afastamento deste segundo posto, Pinto de Luna, que se encontra no Rio de janeiro respondeu aos questionamentos do Cadaminuto, falou de política, trânsito, segurança pública, seu futuro e fez um resumo de suas ações.
Leia abaixo a entrevista na íntegra.
- O que foi feito no período que o senhor passou à frente da SMTT e, em seguida, na Secretaria deSegurança Comunitária e Cidadania?
Talvez eu tenha um pouco de dificuldade pessoal na resposta, pois não consigo enumerar feitos ou falar de mim mesmo com facilidade, como é habitual no mundo político. Mas merece destaques o saneamento das contas na SMTT. Pegamos a superintendência com pouco dinheiro em caixa e conseguimos implementar algumas coisas ao longo do ano de 2011, deixando um saldo razoável em conta, em torno de R$ 3.000.000,00.
Mereceu destaque:
1) a renovação total da frota de viaturas utilizadas pelos agentes de trânsito e fiscais de transportes, com a locação de veículos mais modernos e equipados, pagando quase o mesmo valor das viaturas sucateadas que até então eram utilizadas;
2) a audiência pública para desencadear o processo licitatório do transporte coletivo;
3) o novo regulamento do transporte público, levando em consideração os ditames da lei aprovada pela Câmara Municipal;
4) o edital do concurso público para preenchimento das 200 vagas de agente de trânsito;
5) a gestão junto aos empresários para renovação da frota de ônibus;
6) transparência no trato com as lideranças comunitárias e com o público em geral;
7) nova postura dos agentes de trânsito quanto a lavratura de multa, buscando a orientação antes da autuação;
8) elaboração do decreto que tornou mais severa a punição ao transporte clandestino;
9) construção do centro de monitoramento de trânsito com equipamento de vídeo-monitoramento.
Já na Secretaria de Segurança Comunitária e Cidadania, conseguimos implementar a obra de reforma do quartel (em andamento); a locação de algumas viaturas; a capacitação de uma parte do efetivo; convênio com a SENASP - Secretaria Nacional de Segurança Pública para reaparelhamento da Guarda. Cabe salientar que o orçamento da secretária é muito reduzido, tornando impossível viabilizar ações estruturais de segurança.
- Como foi o primeiro contato com o prefeito Cícero Almeida? Quem fez a ponte? No primeiro momento, houve resistência em aceitar o cargo?
Sempre tive uma relação de cordialidade com o prefeito Cícero Almeida, sendo que o nosso primeiro contato se deu quando eu ainda era superintendente da PF.
Um conhecido em comum ligado a área de segurança foi que me comunicou da pretensão do prefeito em me nomear para SMTT, isto no final de 2010 quando eu estava em viagem fora de Alagoas. Tive certa resistência em aceitar o convite, mas após algumas conversas aceitei.
- No período a frente da SMTT e secretaria o senhor tinha carta branca para exercer a função?
Não posso reclamar de autonomia funcional. O prefeito sempre me deixou bem a vontade para trabalhar, todavia, algumas questões de cunho político e pessoal do prefeito impossibilitaram a composição de uma equipe mais coesa.
- A relação como Cícero Almeida pode atrapalhar as pretensões políticas do senhor em nosso estado?
Não acredito nisso. Sempre separei as coisas na minha relação com o prefeito, seja no campo pessoal ou político. Ele nunca me cobrou que participasse das suas partidas semanais de futebol - nunca fui a um jogo - e tampouco estive no seu gabinete sem que fosse chamado profissionalmente.
Não faço o estilo de "rato de gabinete" ou de bajulador, cabendo ressaltar que o prefeito também nunca me cobrou tal posicionamento. A nossa relação foi extremamente profissional.
- O PT do Lula ainda é uma casa que o senhor se sente confortável ou possibilidade de saída é real?
Estou filiado ao PT e pretendo assim permanecer. Ninguém se sente 100% confortável num partido político, pois o jogo de interesses e a administração de egos são constantes, mas todos os partidos são assim, seja de esquerda ou direita. A vaidade impera!
- Pinto de Luna em Alagoas pretende se candidatar a algum cargo político? Qual é o futuro do delegado da PF aposentado em nosso estado?
Talvez dispute as eleições de 2014 para uma vaga de deputado estadual, mas isso depende da resolução de algumas questões pessoais.
Atualmente estou licenciado, mas sou sócio num escritório de advocacia com meus filhos, Felipe e Camila, atuando em Alagoas e São Paulo.
Pretendo me dedicar mais à advocacia, tal qual antes de ter sido investido no cargo de delegado federal.
- O que esperar da gestão do novo prefeito de Maceió, Rui Palmeira?
Gosto do Rui Palmeira e tenho uma boa relação com ele, independente de questões partidárias. Penso que ele terá um imenso desafio pela frente, principalmente pelo fato do crescimento desordenado da cidade, que diga-se, não é fato isolado em Maceió.
Educação, saúde, segurança, trânsito, limpeza urbana, arrecadação, vereadores... são muitos problemas.
- É possível mudar a realidade do trânsito de Maceió?
A palavra caos e sua derivação, caótico, são adjetivos do trânsito e transporte em qualquer cidade de médio e grande porte. Não conheço alguém que resida numa capital e esteja satisfeito com o trânsito e transporte - e não venham me falar de Curitiba, Recife, Belo Horizonte, Aracaju, ou qualquer outra capital, pois mandamos uma comitiva de técnicos visitar essas cidades e lá eles têm problemas tanto quanto nós.
Toda realidade caótica é passível de mudança, visando minimizar seus efeitos, desde que se trabalhe projetos para isso.
A SMTT precisa de um planejamento estratégico pelo menos para os próximos dois anos, delimitando suas ações e metas.
Senti muita falta disso quando assumi a pasta. Não canso de dizer que a Polícia Federal tem um planejamento estratégico até 2022 e os colegas trabalham em cima disso, não sofrendo solução de continuidade quando da mudança de dirigente.
- Na segurança pública, armar a Guarda Municipal é o caminho para sair da crise?
A sociedade sempre sofrerá uma crise de segurança. A sensação de segurança é uma coisa subjetiva e intrínseca em cada um de nós.
Já no campo objetivo, Maceió não pode prescindir de uma Guarda Municipal armada, equipada, estruturada, capacitada e hierarquizada.
Qualquer cidade de médio porte do interior de São Paulo tem uma Guarda Municipal nesses moldes, não sendo raro o atendimento bem sucedido de ocorrências por parte da instituição, colaborando com a segurança pública.