O prefeito Cícero Almeida (PSD) foi enfático - ao falar da demissão dos cargos em comissão (800, segundo ele!) - ao afirmar que não quer deixar herança maldita para o prefeito eleito Rui Palmeira (PSDB). Que bom, né?! Em tese, mostra responsabilidade do atual gestor. Mas, vale frisar deste parágrafo a expressão “em tese”!

É de espantar que a Prefeitura Municipal de Maceió tenha uma margem tão boa de enxugamento sem afetar a oferta dos serviços básicos à população. A pergunta é (já que perguntar não ofende!) se dava para trabalhar com esta redução antes? Ora, é de conhecimento que o inchaço da máquina para atender fisiologismos utilizando-se da bela desculpa da governabilidade não é de hoje, nem é exclusividade da esfera municipal. Há em todos os cantos. Infelizmente. Muitas vezes comissionados são usados para isto. Não estou afirmando que é o caso aqui, afinal estes 800 poderiam estar sendo vitais em suas áreas e as sobras e as gorduras estarem em outros locais. Mas, estou dizendo que é uma prática comum em muitos locais.

Quanto maior o braço do estado e o inchaço da máquina, maior a chance de corrupção. Com um detalhe, alguns termos bonitos nada mais são do que a institucionalização do aparelhamento e do fisiologismo. No caso do Executivo, a troca de favores é com o Legislativo. No caso do município, de forma muito mais próxima para a formação da “gorda” bancada de situação. Afinal, não é por acaso que se constrói uma bancada com quase a totalidade dos vereadores. Compartilham os edis governistas do ideário de Cícero Almeida (PSD)? Óbvio que não.

Os pires estendidos, o loteamento atendido. Sempre há o que enxugar, sempre há o que apertar para garantir melhor eficiência da máquina, sempre há que se combater o aparelhamento desta. O ente estatal - seja qual for - tem que ter o tamanho necessário pensando na eficiência e na eficácia dos serviços que presta. Isto faz parte de um planejamento estratégico que permite concursos públicos na hora e na medida certa e um número de comissionados que sejam suficiente para cargos de confiança essenciais à implantação de políticas de governo e de Estado. Fora disto, é aparelhamento. Consequentemente, um dos pontos responsáveis das heranças malditas que engordam o Estado; uma vez que, ampliam as possibilidades de corrupção e ainda criam os fantasmas que aumentam os gastos públicos. E é só alguns dos fatores.

Volto a repetir: não digo que é o caso, mas uma reflexão válida diante da imensa folha de comissionados em gestões públicas.

Se Almeida afirma que não vai deixar herança maldita, que vamos torcer para que esta seja a verdade. Que as contas estejam em dia, sem débitos horrendos a massacrar ainda mais a história de uma capital que tanto depende de convênios e repasses federais. Afinal, é uma administração que encerra com graves problemas apontados em investigações do Ministério Público, que se encerra com o tom do personalismo com demissões e admissões ao sabor das alianças e dos velhos e novos “amigos de infância” (termo que foi bem posto pelo jornalista Ricardo Mota).

Se o assunto é herança maldita, existem ganhos na gestão de Almeida que devem sim ser reconhecidos, como as novas vias, uma aparente melhora na infraestrutura da cidade, ruas calçadas, enfim...mas, já há uma herança não tão boa que cai no colo do futuro prefeito e que deve ser cobrada a solução: a revisão dos contratos da coleta de lixo, a necessidade de se passar o Iprev a limpo, a ampliação urgente do Programa Saúde da Família (PSF), uma melhor estruturação das políticas de assistência social, um novo olhar quanto à Educação, dentre outros pontos críticos que aí estão não apenas por culpa de Almeida, mas também de seus antecessores. Se é algum tipo de herança? Sim! Eu creio que seja.  

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