A dor pelo iminente rebaixamento era visível no semblante de cada jogador e dirigente do Palmeiras no Raulino de Oliveira, em Volta Redonda (RJ), após levar o empate do Flamengo no fim do duelo, com um jogador a mais.
No vestiário, o clima era de desolação. Jogadores sentados um em cada canto, chorando, em silêncio. Nada de discurso de Gilson Kleina, César Sampaio ou Tirone.
O vexame foi confirmado duas horas e meia depois, com Portuguesa 2 x 2 Grêmio. A delegação estava no ônibus, no km 322 da Via Dutra, na altura de Itatiaia (RJ).
Ninguém do grupo transpareceu tanta tristeza e decepção como Maikon Leite, o vilão da tarde. O atacante perdeu duas chances claras de ampliar quando o jogo estava 1 a 0 a favor do Verdão, no segundo tempo, que poderia ter mantido as remotas chances de salvação.
Conhecido pela alegria e descontração nos bastidores, o baixinho se transformou ao apito final. Muito abalado e aos prantos durante a viagem, ele se desesperou com a queda.
Transtornado, distribuiu socos pelos assentos do ônibus e se desculpou com os companheiros, como se só ele tivesse cometido erros ao longo do torneio.
Román lamentou o azar de, ao tentar bloquear chute de Love, ter desviado a trajetória da bola e deixado o goleiro Bruno sem ação.
O rebaixamento foi decretado por volta das 21h30, quando acabou o jogo da Lusa. Os palmeirenses acompanharam a partida pelos celulares. Os aparelhos e uma TV eram os únicos pontos de iluminação na parte interna do ônibus. Até houve ânimo com o gol do gremista Werley aos 31 minutos do primeiro tempo, mas o lance acabou anulado pela arbitragem.
Os gols dos lusitanos Moisés e Léo Silva colocaram fim à esperança alviverde, e a realidade foi sentida com um profundo silêncio.
– Nunca tinha visto um clima tão ruim como aquele. Parecia velório – disse um dos presentes.
O ônibus palmeirense foi escoltado pela polícia durante o percurso de cerca de 325 quilômetros desde Volta Redonda (RJ) até Arujá (SP), a 40 da capital paulista.