A Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão (PRDC) em São Paulo, órgão do Ministério Público Federal, pediu à Justiça, no último dia 12, a retirada da expressão “Deus seja louvado” das cédulas de Real. A iniciativa vem sendo criticada maciçamente por diversas entidades e religiosos de todo Brasil e em Alagoas não foi diferente.

Para o arcebispo de Maceió Dom Antônio Muniz, a discussão tomou uma proporção desnecessária diante da realidade dos brasileiros. “Tantos problemas a resolver. Inúmeras situações sociais a colocar em discussão e o MPF vem com uma dessa. Acredito que eles deveriam se preocupar com outras situações mais importantes que refletiriam, diretamente contra a triste realidade da população”, colocou.

Muniz destacou e fez coro às declarações do presidente do Senado José Sarney (PMDB-AP). Para o senador, a solicitação do MPF é não faz sentido e o Órgão deveria se preocupar com situações mais pertinentes à sociedade. “Concordo, em síntese, com Sarney. Não há real necessidade nessa medida. Acredito que devido à repercussão a ação deve não ter seguimento”, pontuou.

Os procuradores alegam que as três palavras ferem o princípio de laicidade do Estado e privilegiam uma religião em detrimento de outras, mas o senador rebate. “Eu tenho pena do homem que na face da Terra não acredita em Deus. Precisamos cada vez mais ter a consciência da nossa gratidão a Deus por tudo o que ele fez por todos nós, humanos, e pela criação do universo. Nós não podemos jamais perder o dado espiritual", argumentou o senador em entrevista a imprensa.

A medida não gerará gastos aos cofres públicos já que, em caráter liminar, a ação pede que seja concedido à União o prazo de 120 dias para que as cédulas comecem a ser impressas sem a frase.

A inclusão da expressão religiosa nas cédulas aconteceu em 1986, por determinação direta do então presidente da República, José Sarney. Posteriormente, em 1994, com o Plano Real, a frase foi mantida pelo ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, supostamente por ser “tradição da cédula brasileira”, apesar de ter sido inserida há poucos anos.