Evidente que as consequências em relação ao áudio com a denúncia envolvendo as eleições da Ordem dos Advogados do Brasil, seccional Alagoas, serão - em primeiro lugar - no próprio processo eleitoral. Se a ponto de mudar o resultado nas urnas ou não, aí é uma reflexão que só poderá ser feita após as urnas serem abertas.

Mas, é preciso entender que vai além disto. São acusações seríssimas que estão sendo postas após o áudio ter aparecido. Fala-se de compra de anuidade em uma reunião que envolve pessoas importantes não só na estrutura da OAB/AL, mas no Estado. Em outras palavras: a repulsiva compra de votos! São figuras que detém credibilidade junto aos profissionais de sua área e junto à sociedade. São homens públicos sempre ouvidos em momento de crises, em casos de corrupção e por aí vai...

São vidas profissionais que podem ser afetadas. Enfim...os desdobramentos são vários, com ranhuras que podem ficar por toda uma vida, inclusive depois do procedimento que foi adotado pelos adversários que pediram a intervenção. É preciso ouvir o contraditório. Omar Coêlho deu sua versão aos fatos em entrevista aqui no CadaMinuto. Com todo o respeito que o presidente da Ordem merece (e que por ele tenho), afirmo: ainda não foi convincente em sua defesa.

O áudio também esfarela - evidentemente! - amizades de longa data e sacramenta de uma vez por todas o que já se sabia: o pleito tem sido vergonhoso, principalmente nas discussões que se dá no baixo clero, entre os mais realistas que o rei. A OAB/AL - enquanto entidade que detém credibilidade - merecia mais de alguns dos candidatos que estão postos, até mesmo pela competência destes.

Algumas reflexões feitas - que infelizmente entristecem a todos que lutam por uma sociedade mais justa - incluem a seguinte pergunta: e agora, com que moral a OAB/AL vai fiscalizar, se colocar na posição de guardiã, abrir comissão de combate a corrupção eleitoral ao acompanhar eleições tradicionais? Isto fica no inconsciente coletivo independente do conteúdo do áudio ser aquilo mesmo que aparenta ser.

Outra reflexão: quem gravou o áudio é de um caráter deplorável, pois revela o espírito dos que se escondem por meio da chantagem, dos covardes, dos que agem sem assinar suas obras, dos medíocres. Por que não fez a denúncia ele mesmo? Pois é óbvio que o áudio foi gravado por alguém que esteve ou está no grupo liderado por Rachel Cabús. Eis uma eleição que se nivela por baixo, quando o mais justo agora era a advocacia - uma classe formadora de opinião - discutir propostas.

No mais, que tenhamos cautela ao discutir o conteúdo da gravação. Pois, é preciso exercer o direito ao contraditório. Mas, que as explicações sejam convincentes. E diante das suspeitas que há, sinceramente, a intervenção - sem pré-julgamentos, evidentemente - é de fato o melhor caminho. Até mesmo para se garantir que o pleito, às vésperas de acontecer, não descambe ainda para o pior. É possível algo pior? Acreditem que sim. Sim, é possível.

Quanto a Omar e seu grupo, é preciso explicações mais detalhadas. Esclarecimentos que a imprensa espera. Welton Roberto agiu de forma correta, assim como qualquer outra candidato que cobre explicações para o fato. A OAB/AL é uma entidade que deve estar acima do processo eleitoral. Entendam isto.  

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