O Sindicato dos Policiais Civis de Pernambuco (Sinpol) e a Associação dos Peritos Criminais de Pernambuco (Apoc) estão se manifestando publicamente para evitar a pressão aos peritos que atuam nas investigações sobre a morte do empresário Sérgio Falcão. Nesta segunda-feira, o presidente do Sinpol, Cláudio Marinho e o presidente da Apoc, Jairo Brito, vão procurar o diretor do Instituto de Criminalística (IC).
"Queremos que a perícia trabalhe de forma imparcial. Os peritos de Pernambuco são profissionais competentes. Não aceitamos nenhum tipo de pressão sobre o trabalho que eles fazem", defende Cláudio Marinho.
Representantes da família, do Ministério Público de Pernambuco (MPPE), do Instituto de Criminalística (IC) e de entidades de defesa dos policiais civis estiveram reunidos, na manhã desta segunda-feira (12), para debater o caso. Inicialmente, a reunião estava marcada somente entre o advogado dos parentes, Ernesto Cavalcanti, o promotor André Rebelo e o diretor do IC, Luiz Carlos Gondim.
No entanto, o presidente da Associação dos Peritos Criminais de Pernambuco (Apoc), Jairo Brito, e o do Sindicato dos Policiais Civis de Pernambuco (Sinpol), Cláudio Marinho, também participaram. "Precisávamos garantir a lisura do processo e permanecia do perito à frente do caso", afirmou Marinho.
A família do dono da Construtora Falcão questiona o trabalho de Sérgio Almeida e, por isso, pediu a troca do perito. "Acredita-se que houve precipitação no que diz respeito a alguns pontos periciais, mas que podem ser corrigidos", disse o advogado Ernesto Cavalcanti, em entrevista à Rádio Jornal nesta manhã. O promotor também acredita que a apuração do crime pela Polícia Civil foi feita às pressas.
Já os órgãos defensores dos policiais civis acreditam que o perito responsável pela apuração, Sérgio Almeida, está sofrendo pressões pela agilidade do caso e que essas cobranças prejudicam o trabalho dele.
"Isso está se tornando comum no Estado. É inadmissível que um perito seja tão pressionado para trabalhar se tem sobrecarga e depende de laudos complementares que, muitas vezes, não são feitas em Pernambuco", argumenta o presidente do Sinpol. Cláudio Marinho defende que novas apurações só podem ser solicitadas ao final das investigações, caso ainda restem dúvidas.
O principal suspeito pela morte é um ex-funcionário do empresário, que estava no local no momento dao crime. No entanto, o Instituto de Criminalística (IC) não encontrou nenhum sinal de enfrentamento entre os dois e nada foi levado do apartamento. Imagens das câmeras de segurança do prédio mostram o momento em que o ex-funcionário entra e sai do apartamento guardando uma pistola na cintura.
A morte de Sérgio Falcão
O empresário foi encontrado morto no último 28 de agosto, aos 52 anos, em um dos cômodos do apartamento onde morava, na Avenida Boa Viagem, Zona Sul do Recife, com um tiro na boca. As investigações foram iniciadas com duas linhas: suicídio e homicídio.
O principal suspeito, se for comprovada a hipótese que Sérgio Falcão foi assassinado, é um homem que prestava serviços como segurança do empresário, o ex-policial Jailson Melo, 53, que nega ter cometido o crime. Jailson foi flagrado pelas câmeras de segurança do edifício guardando a arma antes de entrar no elevador. No entanto, afirma que foi o empresário quem pegou a arma e atirou contra si mesmo.
Os parentes, não acreditando na hipótese de suicídio, devido à depressão por que Falcão passava, pediram que o MPPE assumisse o caso. "A família tem certeza que ele foi asssassinado", afirmou o advogado. "Não podemos deixar de confiar em um perito só porque as conclusões que ele tira não condizem com o que a família acredita", alega o presidente do Sinpol.
Depois da polêmica, os participantes da reunião realizada nesta segunda-feira no Instituto de Criminalística acordaram em não se pronunciar sobre o caso até a entrega dos laudos dos exames feitos após a exumação do corpo do empresário, no último dia 31. Exames devem ser feitos em São Paulo a partir desta segunda.