Famílias e grupos políticos deixam prefeituras no interior

17/10/2012 02:43 - Interior
Por Redação
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Nos 102 municípios alagoanos é raro uma localidade que não seja comandada por famílias ou grupos políticos, que se mantêm no poder por mais de quatro mandatos consecutivos. As eleições deste ano mostraram uma realidade diferente para alguns “redutos políticos” e outros. O município de Arapiraca, a segundo maior cidade do estado, é o exemplo onde aliados políticos estão no poder há mais de 16 anos.

A candidata eleita, Célia Rocha (PTB), voltou à prefeitura após “ceder” sua vaga por oito anos para o atual prefeito Luciano Barbosa (PMDB). Célia foi prefeita do município por dois mandatos consecutivos e, em 2004, apoiou a candidatura de Barbosa, seu aliado político, para assumir a gestão da cidade.

O mesmo era vivenciado no município de São Miguel dos Campos, onde a família do empresário Nivaldo Jatobá (PMDB) tentava o quinto mandato consecutivo. Duas legislaturas foram administradas por Jatobá, que deixou a prefeitura e elegeu Rosiane Santos, com quem, segundo a Justiça, ele tem uma união estável. Rosiane administrou a cidade por mais de seis anos e teve seu mandato cassado pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE/AL), em 2011.

Este ano, Nivaldo Jatobá voltou a concorrer às eleições, mas teve o registro de candidatura indeferido pela Justiça, que entendeu que houve a tentativa de perpetuação no poder. George Clemente (PSB) venceu o pleito. Além da cidade de São Miguel dos Campos, Jatobá comandava a política no município de Roteiro e tentava eleger seu sobrinho, Gabriel Jatobá, em Anadia.

Na cidade de Girau do Ponciano, dois grupos também comandam a política local. Por mais 26 anos a prefeitura era administrada pela família do deputado estadual Gilvan Barros, que também mantém um mandato de 24 anos como parlamentar. O prefeito eleito nesta eleição, Fábio Araújo (PSD), afirma que a má administração e o esquecimento das ações desenvolvidas no município foram decisivos para conquistar a vitória.

“O povo estava desejando mudança. O descaso na administração estava sendo refletido e a população estava sem assistência médica e com uma educação precária no município. Nosso discurso durante a campanha foi justamente a situação que Girau do Ponciano se encontra hoje”, disse Aurélio, que é filho do ex-prefeito do município, Zé Aurélio, que administrou a cidade por oito anos.

Sertão

No Sertão do estado, a cidade de Santana do Ipanema foi comandada pelas famílias Bulhões e Ferreira. Nestas eleições, nenhuma delas conseguiu eleger seus candidatos. A prefeita Renilde Bulhões (PRTB) administrou a cidade por oitos anos e tentava deixar o seu legado para o seu sucessor, Gustavo Pontes (PTB).

A família Ferreira tentava eleger o deputado Marcos Ferreira (PSDB), sobrinho do ex-prefeito do município Paulo Ferreira, que passou oito anos no Poder. Paulo ainda tentou novamente a eleição, em 2004, quando disputou a primeira vez com Renilde, mas não conseguiu se eleger. Com a derrota das famílias nas urnas, neste ano, a população elegeu o candidato do Partido Verde, Mário Silva, sem ligação política com os antigos gestores.

Na cidade de Piranhas, o resultado das urnas refletiu em uma grande mudança na administração da cidade. Por mais de 12 anos Piranhas era comandada pela família do deputado estadual Inácio Loyola (PSDB), que deixou a prefeitura em 2008 e passou a administração para sua sobrinha, Melina Freitas (PMDB). Melina não conseguiu se reeleger.

O CadaMinuto tentou entrar em contato com os prefeitos eleitos nos municípios citados na reportagem, mas não obteve êxito.

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