Primeiras impressões: Mercedes-Benz Classe B 200 Sport

14/10/2012 12:12 - Carros
Por Redação
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O lançamento do Classe B 2013 no mercado nacional marca uma nova fase para a Mercedes-Benz no Brasil. Talvez não seja sua era mais importante – afinal, a marca já foi uma das poucas premium a produzir no país, no caso, com o CLC e do antigo Classe A, de 1999 a 2005. Mas a estreia do monovolume renovado no Brasil abre portas para uma nova família de veículos, que aumentará com a chegada do novo Classe A, no primeiro semestre de 2013, e posteriormente com um crossover e um sedã compacto – todos baseados na inédita plataforma NGCC (New Generation of Compact Cars).

Reformulado estética e mecanicamente, o Classe B chega em duas versões. Por R$ 115,9 mil, o B 200 traz, entre os principais equipamentos, sete airbags (frontais, laterais, de cortina e para os joelhos do motorista), piloto automático com limitador de velocidade, volante multifuncional revestido em couro, monitoramento da pressão dos pneus, ar-condicionado digital, rodas de 16 polegadas, sistema start/stop, suporte Isofix, entre outros.

A configuração topo de linha B 200 Sport sai por R$ 129,9 mil, e justifica a diferença de R$ 14 mil ao entregar rodas aro 18, direção paramétrica, suspensão rebaixada com amortecedores auto-ajustáveis, tela central de 16 polegadas, faróis bi-xênon com LEDs e bancos em couro – além de detalhes estéticos diferenciados. O motor 1.6 turbo e o câmbio automatizado de dupla embreagem 7G-DCT são comuns às duas opções.

A estreia oficial será durante o Salão de São Paulo, no fim do mês, e a Mercedes espera emplacar cerca de 200 unidades mensais do modelo – meta que será repensada para 2013. O antigo Classe B, comercializado nos seus últimos dias de vida apenas na versão B 180 Family, que partia de R$ 96,9 mil, vendeu até julho 30 unidades, segundo dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave). No ano passado, foram 889 emplacamentos, ainda de acordo com a entidade.

O primeiro contato do G1 com o novo Classe B se deu numa viagem de cerca de 200 km entre São Bernardo do Campo (região do ABC paulista, onde fica a fábrica da Mercedes) e a praia de Riviera de São Lourenço, também em SP – um, trecho, portanto, predominantemente rodoviário. Tratava-se de um dia nebuloso, e a descida até o litoral foi em comboio guiado pela Polícia Rodoviária.

Mas, antes da partida do grupo, uma intensa neblina impôs uma espera de aproximadamente uma hora. Possíveis irritações com a estagnação foram aplacadas por um ambiente de ótima visibilidade, acabamento impecável, sistema de som de primeira e bancos confortáveis. Só não se desejava ficar parado por mais tempo curtindo o interior do modelo por conta da ansiedade de, enfim, descobrir se o câmbio 7G-DCT era ao mesmo tempo mais suave que o CVT do antigo Classe B e tão rápido quanto o S-Tronic da Audi.

Sim e não. A transmissão automatizada de dupla embreagem e sete marchas que equipa o novo Classe B é bem superior à continuamente variável (CVT) do antecessor, mantendo sua delicadeza no rodar, mas entregando uma vivacidade até então desconhecida para o monovolume. Só que o câmbio de dupla embreagem da Mercedes não é (pelo menos ainda não) tão refinado e empolgante quanto o similar da Audi – seja na rapidez ou na queda de giro a cada troca.

Perde também na posição da alavanca, que foi transferida do console central para a coluna de direção. Durante o teste, ela foi confundida com o acionamento do limpador do para-brisa (que fica à esquerda) algumas vezes: percebe-se o erro quando a posição N (Neutro) do câmbio é acionada involuntariamente (e perigosamente, com o carro em movimento). A marca alega que a mudança serviu para ampliar o espaço interno – mas o acréscimo de dois porta-objetos na região não explica uma adaptação tão controversa.

Mas há bom entrosamento com o motor 1.6 turbo, de injeção direta de combustível, 156 cavalos de potência e respeitáveis 25,5 kgfm de torque, já disponíveis às 1.250 rpm. Representante de destaque do time do downsizing (blocos menores, porém mais potentes), é incomparavelmente superior ao incomum antecessor 1.7 litro, de tímidos 116 cv e 15,8 kgfm de torque. Se o antigo bloco era discreto no desempenho, esse é controlado na sede: segundo computador de bordo, foi registrada média de 11,8 km/l.

A direção paramétrica – exclusiva da versão B200 Sport, aqui testada – se mostrou direta e precisa, muito mais coerente com a proposta de hatch esportivo com a qual o Classe B agora flerta do que com uma condução cautelosa, digna de quem carrega crianças no banco de trás. A suspensão é firme e confortável, mas a Mercedes avisa que os carros destinados às vendas terão um acerto mais suave e elevado.

A decisão de se afastar esteticamente e dinamicamente de um carro essencialmente familiar é bem-vinda, mas deixou para trás uma particularidade do antigo Classe B. Montado numa plataforma “sobreposta” – onde, na prática, o painel ficava em posição tão alta quanto o ponto H –, o antecessor tinha uma posição de dirigir única, que se distanciava do restante das minivans, com o volante plenamente na vertical e em posição elevada. A posição do atual é elogiável, mas igual à de qualquer hatch da categoria. Junto com aquela arquitetura especial foram-se também os boosters (assentos elevados para crianças) da segunda fileira.

Portanto, é notável que na nova geração o Mercedes-Benz Classe B se manteve um carro familiar, mas com pretensões diferentes: não quer ser mais apenas o carro da mamãe que vai da escola para o supermercado, e depois da natação para o curso de inglês; ele quer ser, também, o carro da mamãe que deixa os filhos com os avós e vai para a balada com o papai. Ou seja, ao invés de se preocupar só com quem vai nos bancos de trás, agora dá mais atenção a quem está na frente.

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