O PSOL elegeu dois vereadores - semelhante ao ano de 2008 - mas parece, mais uma vez, não ter conseguido eleger uma bancada. O caso Guilherme Soares - que vem sendo acusado, por alguns membros do partido, de compra de votos - abre uma polêmica justo no momento em que o partido mostra um significado crescimento nas urnas. O espaço conquistado em Maceió foi o mesmo: dois edis.

Mas, o resultado da candidatura majoritária de Alexandre Fleming - com mais de 20 mil votos conquistados - mostra um crescimento inédito para a legenda que pela primeira vez sai do campo da anti-candidatura para dialogar um projeto. Tudo isto - entretanto - pode ser maculado pela discussão envolvendo Guilherme Soares.

Em 2008, quando o PSOL elegeu dois vereadores. O fato de não ter sido uma bancada em pouco tempo ficou visível. Ricardo Barbosa deixou o partido e foi para o PT diante de divergências (evidentemente que em outro contexto!). Agora, em 2012, elege dois vereadores e a divergência entre um deles e parte (isto mesmo: PARTE!) do partido se inicia antes mesmo da filiação.

Heloísa Helena (PSOL) comentou o assunto de forma direta e sucinta. Avisou que não é ela que filia ninguém e quem for podre que se quebre. Defendeu que os fatos sejam esclarecidos.

Mas, dentro do partido, o clima não é dos melhores. Segundo fontes, a reunião que aprovou a nota de abertura de investigação contra Soares não contou com a participação do presidente municipal Alexandre Fleming. Tanto que o presidente divulga uma nota paralela anunciando que haveria investigação se o caso realmente existisse e não se baseasse apenas em denúncias oriundas das redes sociais.

Parece - no resumir da história - que o caso é assim: existe uma parcela do PSOL que quer cassar Guilherme Soares, outra parte que quer a investigação para tirar todas as dúvidas que pairam sobre o candidato eleito. Em meio ao tiroteio, Soares optou pelo silêncio. Postura que não é compatível com alguém que queira exercer a função do vereador.

De acordo com o presidente municipal Alexandre Fleming, até o presente momento não há inquérito aberto contra Guilherme Soares nem na Polícia Federal, nem denúncia feita pelo Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE), “ou qualquer outra entidade, ou qualquer membro do PSOL”. Fleming ainda segue: “não cabe ao PSOL tal pré-julgamento. Se alguém do PSOL tem provas, encaminhe a PF e deixe-a fazer a sua parte”.

O presidente municipal ressaltou que: “se uma única prova chegar as minhas mãos, eu serei o primeiro a tomar todas as medidas cabíveis contra quem quer que seja. Mas, não posso agir com a emoção e desconstruir a imagem pública das pessoas em nome do ‘achismo’ de uns e outros ou de suas conveniências eleitorais”.

Mas, apesar do posicionamento de Fleming, o presidente estadual Mário Agra coloca que a posição do diretório municipal do partido é que há investigação e que “vai até o fim”. Agra é da direção estadual do PSOL. De acordo com Fleming, não faz parte da municipal. “E se alguém disse o contrário em nome do PSOL está desautorizado a falar sobre o assunto. Não empurramos para debaixo do tapete problemas como este”. Agra disse ainda que a nota divulgada pelo PSOL - sem a presença de Fleming na reunião - é legítima, fruto de votação que teria ultrapassado 2/3 dos dirigentes presentes. Ele diz que a denúncia partiu de fato das redes sociais feita por um jornalista que cita valores, locais e nomes de envolvidos. As declarações de Agra foram dadas à Gazeta de Alagoas.

Como é?! Presidente desautorizando presidente pela imprensa?! Muito sensato e bom para o partido (ironia é claro)! Os dois precisam se entender primeiro. Busquem resolver internamente à luz das regras da própria sigla. Será que o resultado das eleições incomodou setores internos do partido e tudo isso é eco destes números?

O mais sensato, para o bem do PSOL, seria a ação diante de provas. Se elas existem, que quem acusa, também mostre, que alguém as aponte e então se abra um procedimento interno e um inquérito junto aos órgãos competentes. Nisto, me parece que faz sentido a fala do presidente municipal.

Alexandre Fleming rebate: “minha atitude - ainda em setembro - abrindo os dados de todos os candidatos do PSOL já era suficientemente e a altura de qualquer dúvida. Com os dados dos candidatos do partido à disposição, qualquer irregularidade seria facilmente identificada. Não comungo com ações isoladas, personificando e demonizando pessoas sem que as mesmas possam se defender ou se pronunciar”. Encerra: “a atitude de parte do diretório não representa a posição oficial do diretório municipal, nem tampouco, respeita os tramites legais, regimentais e estatutários do partido. Um erro que vou corrigir doa a quem doer”.

Afinal de contas, o que motiva parte do PSOL: a ética ou os interesses que surgem pós-eleição. O fato é que a situação é mais uma vez uma ranhura na imagem do partido que assume a postura de ser “o diferente”. Partido este que fez a campanha com o discurso de mudança. Quem sai perdendo? O próprio PSOL, mais uma vez, independente de Guilherme Soares ter feito isto ou aquilo.

No mais, é preciso ter equilíbrio em qualquer ação contra quem quer que seja. Ninguém pode ser punido sem provas cabais. Ninguém pode ser punido sem o amplo direito ao contraditório. Ajudaria se Soares rompesse o silêncio e colocasse sua versão para a população, já que - em breve - será oficialmente representante desta. Em seu perfil no facebook ele é sucinto: “estou muito esperançoso de que juntos conseguiremos mudar. Enfrentaremos os espinhos da vida, pois nada é conquistado facilmente. A luta continua! Lutarei para melhorar a vida dos maceioenses. Conto com vocês para cumprir bem esta missão”.

O PSOL mais uma vez abre suas feridas internas para lavar roupa suja em público? Outras perguntas: em nome do que? por que? por quem? O que não se pode é acender fogueiras, ficar jogando lenha a espera da bruxa sem as provas da feitiçaria. No mais, que Guilherme Soares fale! Em todo caso, até aqui o partido já saiu perdendo... 

Se Guilherme Soares for culpado que pague no rigor da lei. Se não, que seja inocentado. Quem for podre nessa história, que se quebre. De um lado e do outro. 

 

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