O número de brasileiros na cidade americana de Nova York deve dobrar instantaneamente caso acabem as exigências de viso para o país, de acordo com George Fertitta, presidente da NYC & Company, órgão oficial de turismo e marketing do município, que visitou o Brasil pela segunda vez. De 2005 a 2011, ocorreu um incremento de 541% no número de brasileiros na cidade que, segundo Fertitta, já ultrapassou a Flórida e se tornou o principal destino dos visitantes do País nos EUA. Em 2011, cerca 718 mil visitantes do Brasil foram para a cidade, atrás apenas dos visitantes do Reino Unido.

Os brasileiros são atualmente os que mais gastam na cidade - US$ 1,62 bilhão em 2011 - embora desde maio já seja possível sentir uma diminuição no consumo em decorrência do alto endividamento da população. Para o presidente do órgão de turismo, a expectativa é que a exigência de visto termine em, no máximo, cinco anos. "A secretaria de Turismo e o prefeito de NY, Michael Bloomberg, estão empenhados em fazer com que os brasileiros possam ir sem a necessidade de visto. Acredito que, sem o visto, o número de brasileiros na cidade ia dobrar de um dia para o outro", afirma. Confira entrevista exclusiva ao Terra:

Terra - O número de brasileiros em Nova York cresceu 541% nos últimos seis anos. O que a cidade está fazendo para aproveitar esse aumento?
George Fertitta - Nós acabamos de renovar a parceria com a secretaria de Turismo de São Paulo e trouxemos nos últimos anos peças da Broadway para o País. Queremos incentivar o turismo tanto de brasileiros para NY como de lá para o Brasil. O market share (parcela de mercado) de NY no mercado americano subiu de 28% para 33% em seis anos, o que significa mais US$ 4 bilhões ao ano no setor, grande parte por causa dos brasileiros. As lojas estão investindo no Brasil, contratando pessoas que falam português, buscando uma parte desse mercado. A Macy's (tradicional loja americana) faz campanhas voltadas especificamente para os brasileiros, recriando a floresta amazônica. Todo mundo está querendo a presença cada vez maior do turista brasileiro.

Terra - Qual o perfil do turista brasileiro?
GF - Os brasileiros são os turistas que mais gastam na cidade (cerca de US$ 500 por dia), adoram comprar, adoram teatros. E os turistas de São Paulo encontram muitas semelhanças entre as duas cidades. Os brasileiros antes iam para a Flórida, para Miami, mas atualmente Nova York já é o principal destino dos brasileiros no país. A American Airlines deve lançar um segundo voo entre São Paulo (Guarulhos) e o aeroporto JFK ainda em outubro. Os brasileiros encontram uma conexão com a população da cidade e a população de NY também já se acostumou e gosta da energia dos brasileiros.

Terra - O que pode ser feito para aumentar ainda mais o número de visitantes?
GF - Precisamos instalar mais secretarias e consulados para facilitar o processo de concessão de vistos, o governo americano já entendeu a necessidade de facilitar esse processo. As barreiras diminuíram, já são concedidos muito mais vistos por dia do que era há um ano, mas estamos buscando o fim dessa exigência. Esse é o principal entrave ao crescimento do número de brasileiros em Nova York. Sem visto, acredito que o número de brasileiros na cidade possa dobrar de um dia para o outro. Em minha opinião, em no máximo cinco anos essa exigência deve acabar.

Nesse ano o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil será mais fraco que o projetado anteriormente, de cerca de 2%. Os brasileiros estão diminuindo o consumo devido às altas taxas de endividamento da população. Já foi visto algum reflexo dessa retração em NY e quais as expectativas para 2013?

GF - Ainda não percebemos uma diminuição no número de visitante e não acredito que isso possa vir a ocorrer, mas desde maio percebemos uma queda no consumo dos brasileiros na cidade, mas que ainda está em patamares altos. Para 2013, a expectativa é que essa diminuição no consumo ocorra, mas que o número de visitantes continue alto.

Terra - Com a crise internacional, qual o público alvo do governo de NY?
GF - O fluxo de turistas do Reino Unido diminuiu, mas continua alto. Os irlandeses, que eram grandes frequentadores de NY apresentaram uma queda nas visitas. Nosso foco agora é nos mercados emergentes, Brasil, China, Coreia do Sul e Austrália são dois grandes mercados e na América Latina estamos buscando aumentar o número de turistas vindos do México e da Argentina.
Terra - Qual é o crescimento esperado desse setor nos próximos anos?
GF - Nós buscamos por meio da NYC & Company gerar US$ 70 bilhões em viagens e turismo para a cidade até 2015, atingindo o número de 55 milhões de visitantes e criando cerca de 30 mil empregos diretos, com foco especial em atrair visitantes internacionais, como os brasileiros e outros da América Latina, que respondem por 50% dessa despesa.
Terra - Como NY está se promovendo internacionalmente?
GF -
Além de assinar acordos com cidades como São Paulo, estamos investindo intensamente nas redes sociais. Desde maio de 2011, lançamos 12 perfis no Facebook e nove contas de Twitter e já contamos com escritórios no Brasil, Austrália, Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão, Coreia, México, Holanda, Espanha e Reino Unido. Consideramos que as plataformas digitais são as formas de nos comunicar com esses mercados nos seus próprios idiomas.