“Se beber, passe a chave”. Esse é o slogan das campanhas de Lei Seca para os motoristas que não abrem mão de sair com seu veículo para os bares e que fazem o uso de bebidas alcoólicas, campanhas essas, que foram intensificadas nos últimos meses.
Os maceioenses foram pegos de surpresa em vários bairros da cidade, e perderam a habilitação ou tiveram que desembolsar R$ 957,70 no pagamento de multa. Mas alguns “espertos” utilizam um aplicativo para celular ou até mesmo as redes sociais para burlar a lei e, assim, escapar dos pontos de blitz.
Na capital alagoana a febre é o aplicativo para telefone móvel, o Waze. O programa é gratuito e interage em tempo real com o público, mostrando como está o trânsito e apresentando as alternativas para os motoristas que ficam presos em engarrafamentos. O aplicativo mostra o detalhamento das melhores vias para conseguir chegar ao destino desejado, além de mostrar a velocidade média que os veículos estão trafegando.
Porém, ao passo que beneficia o condutor, está sendo utilizada para burlar a lei. Com mais de 20 milhões de usuários em todo o país, o Waze está sendo utilizado para os condutores fugirem da Lei Seca, fiscalização dos órgãos de trânsito para combater os acidentes provocados por condutores alcoolizados e, também, para conter a violência. Como existe a comodidade de saber o tráfego, o aplicativo também informa onde estão acontecendo as blitz policiais e da Lei Seca.
O estudante, que será chamado de P.S.T para não ser identificado, disse que já tinha ouvido falar do aplicativo, mas que nunca utilizado, até sair com amigos. “Estava em um bar com amigos, quando surgiu a conversa. Queríamos ir para outro bar, e com medo da blitz, utilizamos o aplicativo. No dia informava que pelo menos quatro bliz estavam acontecendo, três na parte baixa e uma na parte alta. Esperamos um pouco mais e fomos pelas ruas que apareciam como trechos livres”, afirmou o estudante.
Mesmo sabendo que estava burlando a Lei, o estudante não se intimidou em utilizar o aplicativo. “Sei que está errado, e a polícia deve fazer esse trabalho, mas não quero deixar de sair com meu carro. Faço o uso de bebidas alcoólicas, mas não fico bêbado, fico consciente dos meus atos”, afirmou o estudante.
Para o engenheiro Ygor Rodrigues, o aplicativo é serviço para quem pretende fugir do trânsito caótico de Maceió. “Infelizmente as pessoas utilizam o aplicativo para burlar a lei e fugir das blitze. Ele me ajuda a sair do trânsito, além da interação entre os usuários que se comunicam.
O Departamento Estadual de Trânsito (Detran/AL), já sabe dessa realidade e utiliza algumas estratégias para reduzir seus efeitos. “Estamos utilizando as blitze móveis, que se deslocam rapidamente, o que dificulta a ação do Waze. Quem faz o uso desses aplicativos atenta conscientemente contra a segurança pública”, afirmou a coordenadora de Controle de Infrações do órgão, Ângela Oliveira.
Waze
Waze lançou sua primeira aplicação móvel em Israel em 2011, onde foi baixado por mais de 80.000 motoristas. Hoje é ferramenta de navegação que mais cresce nesse mercado e tem com os principias países adeptos: Israel, Estados Unidos, Espanha, França, Itália e agora o Brasil, que ganhou a sua versão em português em junho deste ano. A empresa que disponibiliza o serviço disse que até o final do ano esse número deve chegar a marca de 1 milhão de aplicativos baixados.
Basicamente o Waze é um GPS, e sua função primária ainda é indicar o caminho, mas o que chama a atenção são as outras características que o diferem e o tornam muito mais atrativo. O interessante é que essas informações são passadas em tempo real, e isso só é possível graças ao crowdsourcing, que é o compartilhamento de informações para a produção de um conteúdo, em outras palavras, os usuários de um mesmo grupo ou que utilizam o mesmo programa enviam informações e o conteúdo acaba sendo produzido em tempo real.
Redes sociais
Outra alternativa para os condutores que pretendem fugir da Lei Seca são as redes sociais. Alguns perfis, que funcionam com características específicas ao aplicativo Waze, também colocam informações sobre blitze.
“Nunca utilizei o aplicativo, mas percebo que alguns perfis das redes sociais que deveriam funcionar com o objetivo de informar sobre o trânsito, infelizmente estão trabalhando dessa forma. Cheguei até sair de alguns desses perfis por conta disso”, afirmou a publicitária Bruna Aline.










