O presidente dos EUA, Barack Obama, pressionou os regimes do Irã e da Síria em seu discurso na Assembleia Geral da ONU, em Nova York, nesta terça-feira (25), e fez um apelo contra o extremismo, após duas semanas de ataques a alvos norte-americanos em países muçulmanos.

Em um discurso bastante aplaudido, Obama pediu aos líderes mundiais reunidos na assembleia uma resposta "unida" aos ataques contra representações diplomáticas norte-americanas em países islâmicos.

O democrata, que é candidato à reeleição no pleito de novembro próximo, disse que os ataques das últimas semanas foram não aos EUA, mas "aos ideais que criaram a ONU".

"Hoje, devemos declarar que a violência e a intolerância não tem espaço nas Nações Unidas", disse.

Obama condenou o filme anti-Islã que desencadeou os protestos, mas disse que nenhum vídeo, por mais repugnante que seja, justifica a violência que se seguiu, provocando pelo menos 50 mortes em vários países.

O democrata também voltou a prometer levar à justiça os autores do atentado em Benghazi, Líbia, em 11 de setembro passado, que provocou a morte do embaixador americano no país, Chris Stevens e de outros três funcionários americanos.Obama voltou a dizer que ainda há tempo para resolver a questão nuclear iraniana pela via diplomática, mas disse que "o tempo não é ilimitado".

Ele reiterou que vai fazer "o possível" para evitar que o regime iraniano tenha acesso a armas atômicas.

"Não nos equivoquemos: um Irã com armas nucleares não é um desafio que se possa conter. Ele ameaçará Israel, a segurança das nações do Golfo e a estabilidade da economia global", afirmou.

EUA e Israel, entre outros países, acusam o Irã de tentar desenvolver armas nucleares. Teerã nega, insistindo que suas atividades no setor estão voltadas apenas para a geração de energia com fins civis e pacíficos.

Em sua fala, antes de Obama, o secretário-geral da ONU criticou as ameaças militares entre países, numa referência velada ao conflito entre Irã e Israel.

O democrata também reiterou que é hora de o regime de Assad na Síria, combatido por rebeldes desde março do ano passado, "chegar a um fim".

Ele voltou a defender sanções contra o regime de Assad, caso ele não interrompa a guerra civil que já matou mais de 29 mil pessoas no país, segundo a oposição.

"Este é o caminho pelo qual trabalhamos: sanções e consequências para aqueles que perseguem; assistência e apoio para aqueles que trabalham pelo bem comum", acrescentou.

"O futuro não deve pertencer a um ditador que massacra seu povo", disse.

Obama também acusou o Irã de ajudar a manter a ditadura no poder na Síria e disse que chegou o momento de isolar aqueles que fizeram do ódio aos Estados Unidos, a Israel e ao Ocidente seu princípio político central.

"Enquanto restringem os direitos de seu próprio povo, o governo iraniano apoia o ditador em Damasco e grupos terroristas no exterior", disse.

"Nós declaramos mais uma vez que o regime de Bashar al-Assad deve acabar para que o sofrimento do povo sírio possa terminar, e um novo horizonte possa surgir."

Obama voltou a manifestar apoio à chamada Primavera Árabe, série de movimentos pró-democracia em países árabes, e disse que ela vem fazendo "avanços", apesar das dificuldades.

Segundo ele, a agitação recente em várias regiões do mundo muçulmano mostra a dificuldade de alcançar a verdadeira democracia.

"Os eventos das últimas duas semanas nos falam da necessidade que todos temos de enfrentar as tensões entre o Ocidente e um mundo árabe que avança rumo à democracia", disse.

Obama também citou os jovens das favelas cariocas, ao dizer que há "um coração comum batendo", um sentimento unindo as diversas comunidades ao redor do mundo.