Quando a treinadora Anna Tarrés foi dispensada da seleção espanhola de nado sincronizado no começo do mês, a reação geral foi de espanto, já que ela vinha da conquista de duas medalhas nos Jogos de Londres e era considerada o Guardiola da modalidade, responsável por elevar a Espanha ao patamar de potência. Uma carta aberta divulgada por 15 ex-nadadoras ajudou a esclarecer a situação.

Paola Tirados, Cristina Violán, Itzier Aspe, Laura López, Julía Casals, Neus Seguí, Eva Zhdanova, Ana Violán, Laila, Jordina Pallarols, Lara Oyonarte, Ithaisa Robaina, Carla Violán e outras duas anônimas acusaram a treinadora de assédio moral e maus tratos.

Elas começam o texto esclarecendo que “ninguém pode questionar Anna Tarrés pelos resultados obtidos, já que 55 medalhas a avalizam”. Depois, enumeram frases ofensivas que teriam sido ditas pela treinadora, que comanda o bem-sucedido nado sincronizado espanhol desde 1997.

Paola Tirados disse ter ouvido o seguinte no pódio em Pequim: “Essa medalha não te merece, você não fez nada para conquista-la”. Laura López citou outra frase parecida de Tarrés: “Você não vai receber a medalha da Real Ordem do Mérito Esportivo porque é inferior às demais”.

Uma das nadadoras que não quis se identificar disse que entrou em uma crise de bulimia depois que Anna Tarrés disse a ela frases como “Do jeito que você está gorda vai desfigurar a equipe”, “Fora da água sua gorda, vá ao psicólogo” e “Engula seu vômito que ainda falta uma hora e meia de treino”.

Tarrés soube que não teria seu contrato renovado no último dia 6 de setembro, e se disse surpresa com a dispensa. Enquanto ela esteve no comando, a Espanha ganhou quatro medalhas olímpicas, 26 em Mundiais e 25 em Europeus. Ela afirmou estar com a “consciência muito tranquila”.