Os serviços dos médicos legistas no Instituto Médico Legal não serão retomados. É o que garante o presidente do Sindicato dos Médicos de Alagoas, Wellington Galvão, que, em entrevista ao CadaMinuto, considerou lamentável a determinação da Justiça de prender os servidores que reivindicam reajustes salariais e melhores condições de trabalho.

Indignado, Galvão disse ao telefone que não admite que os médicos sejam taxados de ‘bandidos’. “É incrível como só querem desmerecer a classe e essa decretação de prisão é a prova disso. Não vamos retornar às atividades, pois temos uma luta legítima para cobrar maior comprometimento do governo que não entende nossas reclamações. Não é apenas a questão salarial que está em jogo, mas as condições de trabalho que não existem para que as funções sejam realizadas de forma adequada”, colocou o presidente do Sinmed.

O sindicalista afirmou que caso a justiça cumpra a decisão, terão que prender todos os médicos, mostrando que não há nenhuma possibilidade de que os serviços sejam retomados pela categoria. “Se querem prender, prendam. Mas irão prender todos. Quero ver como irão fazer quando os hospitais estiverem sem profissionais, com todos os médicos detidos. Pois os legistas não são exclusivos do IML, muitos trabalham em unidades médicas e isso irá prejudicar os atendimentos, culminando numa bola de neve para o setor”.

Questionado sobre a postura do governo em não negociar com os médicos em greve, Wellington Galvão afirma que isso só mostra a falta de importância dada pelo Estado aos servidores, o que mexe com os brios da classe médica. “Em Alagoas, os médicos recebem salários de R$ 2.600, enquanto em Pernambuco, recebem cerca de R$ 8 mil. A briga não é apenas por isso, mas pelas condições de trabalho. Mas agora vamos radicalizar. Não querem negociar, não importa, pois eles não retornam às atividades. É por isso que cada vez mais profissionais vão para outros estados buscar trabalho já que não querem continuar em Alagoas”.

O sindicato ameaçou ainda apresentar nacionalmente, esta semana, documentos que comprovam as necessidades básicas dos legistas. “Temos muitas coisas que não foram mostradas à imprensa ainda. Isso é apenas a ponta do iceberg. É vergonhoso ver o estado ser destaque nacionalmente com essas notícias, mas a categoria não irá se curvar à negligência do estado”, finalizou Galvão.

Uma liminar concedida pelo juiz plantonista e assessor da Presidência do Tribunal de Justiça de Alagoas, Diógenes Tenório determinou que os médicos-legistas que estiverem no plantão e se negarem ao trabalho serão presos, assim como o presidente do Sindicato dos Médicos de Alagoas, Wellington Galvão. A decisão foi tomada baseada no conceito de que os médicos-legistas prestam serviço essencial e não poderiam paralisar os serviços.

A decisão de Diógenes acontece após outra, do presidente do TJ, Sebastião Costa Filho, que permitiu a liberação de corpos sem necropsia. No sábado o CadaMinuto mostrou que parentes e amigos estavam desesperados sem saber como liberar os mais de 20 corpos que estavam nos IML’s de Maceió e Arapiraca.