As juízas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) Cristina Cordeiro e Joelci Diniz reencontraram um quadro superlotação e ociosidade na maior unidade de internação de jovens em conflito com a lei do Distrito Federal, a Unidade de Internação do Plano Piloto (UIPP), nesta terça-feira (18/9). Em duas horas e meia de visita às instalações do Caje, como o estabelecimento é mais conhecido, o diagnóstico é o mesmo registrado em um relatório de 2010 do Programa Justiça ao Jovem, que fiscaliza unidades internação de adolescentes em todo o país.
“Muito pouco foi feito desde a primeira visita do Justiça ao Jovem, realizada há dois anos. As maiores reclamações que ouvimos dos internos são relativas à superlotação e à ociosidade dos jovens”, concluiu a juíza Joelci Diniz, que coordena o programa ao lado da colega Cristina Cordeiro. As magistradas constaram que muitos jovens estão agrupados em determinadas alas da unidade.
Segundo a direção da casa, a quantidade de adolescentes dividindo alguns alojamentos é consequência de um remanejamento emergencial feito por causa das três mortes de jovens ocorridas no último mês.
“É muito difícil trabalhar com um número excessivo de adolescentes. A unidade não comporta os 350 jovens que abriga no momento. Ter mais adolescentes do que o número tolerável torna a casa uma verdadeira panela de pressão”, afirmou a juíza Cristiana Cordeiro.
Ócio – Em conversas com internos, a reclamação sobre a falta de atividades durante o dia foi recorrente. Alguns deles disseram que as poucas aulas que havia foram suspensas por causa dos assassinatos recentes. “Estamos sem aula há duas semanas. O pessoal precisa de algo para se entreter aqui dentro”, disse um interno de 17 anos, que cursa o sexto ano. Em alguns módulos, o tempo máximo que ficam fora dos alojamentos não ultrapassaria uma hora, segundo a juíza Cristiana Cordeiro.
A direção disse que uma reestruturação das atividades está em curso e prometeu iniciar duas oficinas – panificação e informática – na próxima quinta-feira (20/9). O pessoal reduzido é uma das justificativas da direção do Caje para a ociosidade dos jovens.
Os 141 servidores empossados recentemente e a autorização do governador do DF, Agnelo Queiroz, para a convocação de mais 122 atendentes, técnico e pedagogos, no entanto, renova o otimismo tanto da direção como das juízas do CNJ em dias melhores para a juventude em conflito com a lei do Distrito Federal. “O que sentimos é uma mudança ideológica. O atendimento dispensado ao adolescente internado hoje no DF é diferente”, afirmou a juíza Cristiana Cordeiro.