Esporte de alcance global, com estimados 250 milhões de praticantes e considerado “órfão” por uma das mais poderosas entidades esportivas do mundo. Esse é o perfil desenhado pela Federação Internacional de Basquete sobre o 3x3, também conhecido como street ou 21, um desdobramento informal do esporte da bola ao cesto que a Fiba pretende tornar olímpico nos Jogos do Rio, em 2016.
Uma estratégia agressiva da entidade, que tentar tirar o 3x3 do status de puro lazer para torná-lo uma modalidade formal, está em pleno curso. A entidade criou um circuito internacional para equipes e torneios para seleções com o intuito de atingir uma das regras fundamentais do Comitê Olímpico Internacional (COI): a universalidade.
O tempo urge. O programa dos Jogos do Rio será definido no 125.º congresso do COI, em Buenos Aires, daqui a um ano. Para a Fiba, o 3x3 entraria na Olimpíada de 2016 como um evento do basquete tradicional, assim como o vôlei de praia é para o vôlei de quadra.
“Na comunidade do basquete, o 3x3 sempre existiu de uma maneira informal, democrática. É o jogo que se vê entre amigos, em lugares como o Parque do Ibirapuera ou o Aterro do Flamengo”, diz o ex-jogador Paulinho Villas Bôas, diretor de Relações Institucionais da Confederação Brasileira (CBB) e membro da Comissão do 3x3 da Fiba.
Afinal, são oito jogadores (cada equipe tem um reserva), meia quadra, uma cesta e 21 pontos, com o cronômetro rodando, no máximo, até dez minutos. É tudo o que se precisa para que um jogo do 3x3 aconteça. Além do tradicional torneio masculino e feminino, também há o misto. E estão previstos os torneios de enterradas (masculino), habilidades (feminino) e três pontos (misto).
A rigor, o caminho do 3x3 para a Olimpíada não deve ser tão tortuoso. Até porque o principal teste da modalidade foi em um evento realizado pelo COI. Nos Jogos da Juventude, realizado pela primeira vez em Cingapura, em 2010, a Fiba sugeriu que o basquete fosse representado pelo jogo entre trios.
Neste ano, a entidade passou a promover o 3x3 World Tour, com etapas em seis cidades. São Paulo foi uma delas, em julho. Desse torneio, a CBB observou jogadores e montou a seleção que viajou para o Mundial de Atenas, na Grécia, em agosto.
Um dos atletas foi Zandonaide Willians de Lima, o Zando, de 34 anos. Ex-jogador profissional e agora empresário, sempre jogou o 3x3 em parques de São Paulo com os amigos. Inscreveu seu time, o Old School, na etapa paulista do World Tour. Ficaram em 5.º, e veio até ele o convite para vestir a camisa verde-amarela. “O torneio na Grécia foi espetacular, com uma estrutura muito boa. E o nível foi altíssimo.” Na quarta-feira, viajam para Madri as seleções sub-18, que disputarão o Mundial da categoria.
No meticuloso plano da Fiba, 2010 é visto como o “ano teste”; 2013 é o ano de consolidação da modalidade. Tudo para, em 2016, chegar a ser uma disciplina olímpica. Nesse processo, a entidade tem um poderoso aliado: a NBA. A Liga Americana organiza de sexta até hoje, no Parque Villa-Lobos, em São Paulo, a sua versão do 3x3, o NBA3x, e também conta com um plano de expansão. “Estudamos, no futuro, também fazer uma liga, porque o 3x3 tem enorme potencial”, atestou Phillipe Moggio, vice-presidente da NBA para a América Latina.