A centenária rede de chocolates belgas Leonidas, presente em mais de 40 países, quer aportar no Brasil. No entanto, não pretende encarar sozinha essa tarefa.

Sua entrada em terras brasileiras irá ocorrer quando encontrar um empreendedor para ser um franqueado da marca. Esse é o mesmo caminho adotado pela também belga padaria Le Pain Quotidien e a opção da francesa Lacoste para crescer no país.

E se esse modelo pode permitir crescimento e reconhecimento de marcas estrangeiras e nacionais voltadas para o público de alta renda, é também uma opção de investimento para o empreendedor disposto a desembolsar quantias que podem superar a casa do milhão.

Em contrapartida, o franqueado conseguirá ter um negócio em que as margens são maiores e há acompanhamento profissional mais intenso no desenvolvimento do negócio.

Essa foi a escolha do empresário Adail Lopes, que já era proprietário de uma academia em Belo Horizonte (MG), mas decidiu investir e trocar a bandeira para Pelé Club. Além disso, abriu uma outra franquia da marca em Uberlândia.

Apesar do investimento elevado, ele acredita que o retorno tem sido positivo. O número de alunos na unidade da capital mineira passou de 1.100 para 1.800 em menos de dois anos e na filial do Triângulo Mineiro o número já está próximo do limite de 1.300.

"Vou recuperar o investimento da unidade de Belo Horizonte já no ano que vem e pretendo abrir outras duas franquias da academia", afirmou.

Com o aumento no número, e maior retenção de clientes satisfeitos, Lopes também afirma que já é possível elevar os valores médios das mensalidades. "Sendo franqueado de uma marca como essa, tenho um maior acompanhamento dos meus resultados e fidelização dos clientes", conta Lopes.

Mas ter esse apoio é preciso investir. A Pelé Club adotou um modelo que dividiu as modalidades de atividade física em quatro módulos. O investimento inicial na franquia de cada um deles é a partir de R$ 1 milhão, segundo a diretora executiva da empresa, Adriana Camargo.

Ainda como exigência o local em que a academia será instalada precisa ter uma metragem mínima de 600 metros quadrados (no caso do módulo de ginástica e musculação) e o contrato é de cinco anos.

Exigências são comuns quando se trata de franquias voltadas para o público de maior renda. O diretor da consultoria Francap, André Friedheim, lembra que essas marcas em geral exigem que as lojas estejam localizadas em bairros ou shoppings de alto padrão, o que encarece o custo do ponto e do aluguel, além de requisitos em relação ao mobiliário e materiais utilizados no espaço comercial.

Ainda assim, o executivo acredita que esse segmento de franquia, que chega a custar ao menos 50% acima de uma marca tradicional, está em crescimento e que as opções tendem a aumentar.

"As marcas voltadas para o público de alta renda estão perdendo o medo do franchising", disse, acrescentando que com esse canal é possível elevar os ganhos e, ainda assim, manter o controle sobre o uso da marca e atendimento.

No entanto ele alerta que, além do investimento maior, há algumas peculiaridades em relação a esse negócio que pode surpreender o empreendedor, como a dependência de produtos importados, que obriga o franqueado a estar preparado para enfrentar dificuldades no processo de importação ou a lidar com fortes variações cambiais.

Apesar desses limitadores, oportunidades para investir em franquias para o público de maior renda não faltam. A Lacoste, que no Brasil está entre as dez principais operações da marca no mundo, tem 80 lojas no país (apenas duas são próprias) e quer chegar a 100.

Tudo isso para chegar a grupo das cinco maiores operações da marca francesa ainda nesse ano. No entanto, ser um franqueado da Lacoste requer um investimento em torno de R$ 900 mil.

Outro fator que ajuda no leque de opções das franquias para alta renda, segundo Friedheim, é o fato de estar em crescimento o número de shoppings voltados para esse público, mas sempre com a recomendação de que o investimento não será pequeno. "Sempre custa mais você montar uma loja para um público mais exigente."