Projeto destina mudas do Arboretum para assentamento do interior‏

23/08/2012 22:43 - Interior
Por Redação

O Assentamento Dom Hélder Câmara/Rendeiras, do Movimento dos Sem Terra (MST), localizado no município alagoano de Girau do Ponciano, recebeu recentemente do Arboretum da Universidade Federal de Alagoas 900 mudas de plantas. Entre elas estão Angico, Jatobá, Catingueira, Umbuzeira e Imburana de Cheiro. A atividade faz parte do projeto de Manejo Florestal, iniciado este ano naquela localidade, em áreas que apresentam degradação extrema, que se encontram em processo de desertificação. O objetivo é utilizar de forma sustentável a madeira das novas árvores plantadas.

A coordenadora do Arboretum, professora Flávia Barros, destaca que para o manejo florestal a opção é feita pelas culturas perenes dotadas de sistema radicular (raiz), que venham a proteger o solo, segurando-o para evitar a erosão. “Culturas perenes se regeneram sem necessidade de plantio e, com orientação, podem ser cortadas pelas famílias para o seu próprio meio de subsistência. A exemplo do angico, utilizado no feitio de cerca, da imburana de cheiro, usada na medicina popular, e da catingueira para fazer fogo”, afirma a bióloga.

O Assentamento Dom Hélder Câmara/Rendeiras é a primeira área no Estado contemplada pelo Projeto de Manejo Florestal, que envolve também uma equipe de 20 alunos dos cursos de Biologia e Agronomia dos campi A.C. Simões, em Maceió, e Arapiraca. Além da bióloga Flávia Barros, também está envolvido na ação o professor Henrique Hermenegildo, da sede Arapiraca, que vem realizando pesquisas com alunos na região.

Flávia informa que a situação dos solos é crítica em diversos municípios nas regiões do Agreste e do Sertão de Alagoas, principalmente pelo tamanho das propriedades que em sua maioria são minifúndios ou pequenas propriedades. “As famílias dessas regiões têm necessidade de utilização da terra ou utilizam toda a terra para o plantio de subsistência. Ou normalmente reservam uma parte da floresta que possa dar retorno financeiro. Daí a importância do projeto que contempla culturas perenes principalmente para a proteção do solo”, declarou.

Flávia Barros acrescenta ainda que o solo arenoso, com muito afloramento rochoso, tende a desaparecer se não houver um manejo adequado. Por isso, ela explica que é fundamental cobrir esse tipo de solo com culturas perenes. A professora cita como exemplo de situação crítica e irreversível as áreas no município sertanejo Senador Rui Palmeira.

“Constatamos no município a existência de áreas que perderam o solo devido ao uso inadequado por parte da comunidade. Com o Projeto Manejo Florestal da Ufal, como ocorre nos Estados de Pernambuco e Rio Grande do Norte, mais pessoas terão o interesse de manter áreas da caatinga”, frisou a bióloga, que também coordena em Alagoas o Projeto de Recuperação de Áreas Degradadas do Baixo São Francisco, do Ministério do Meio Ambiente.

A equipe do projeto acompanhará mensalmente, durante seis meses, essa primeira etapa da atividade que começa com o plantio das culturas em parceria com as famílias assentadas. Flávia informa que os seis primeiros meses da ação são críticos e o período chuvoso é o indicado para o plantio das culturas perenes.

Arboretum

Com dez anos de existência, o Arboretum da Ufal localiza-se no Campus A. C. Simões, em Maceió, ocupando uma área de cinco hectares. Dispõe de mais de cem espécies de culturas e é dotado de três viveiros, cujas sementes para obtenção das mudas são coletadas com pequenos agricultores de vários municípios alagoanos.

Com uma produção anual de 40 mil mudas, o Arboretum da Ufal tem se consolidado como parceiro em várias ações de pesquisa e de extensão, como também de cidadania, a exemplo do Bosque da Vida, instalado no campus em homenagem às vítimas de morte por violência no Estado.

Este ano o Arboretum forneceu mudas de ouricuri para os índios kariri-xocó, de Porto Real do Colégio, e também para o Centro Integrado de Aqüicultura e Recursos Pesqueiros de Alagoas (Ceraqua-AL), localizado no mesmo município, para a recuperação da mata ciliar da Companhia de Desenvolvimentos dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf).

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