Movimentos sociais pedem desculpa a presidente do TJ por "confusão’"

23/08/2012 12:54 - Maceió
Por Redação
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Por meio de uma carta, Movimentos Sociais (MST, CPT, MLT e MLST) pediram desculpa ao presidente do Tribunal de Justiça de Alagoas, Sebastião Costa Filho, pelo incidente que envolveu lideranças agrárias durante visita da presidente da República, Dilma Rousseff, a Alagoas no dia 17 de agosto. Na carta, os movimentos informaram ao presidente que a confusão começou quando um acordo previamente acertado com assessores da Presidência foi colocado em xeque por membros da segurança pública do Estado de Alagoas.

Segundo representantes dos movimentos, o trabalho de dispersão do Batalhão de Operações Especiais (Bope) motivou a ação de um dos militantes que, indignado, provocou avarias no veículo oficial da presidência do TJ.

Após essa atitude, o segurança do presidente saiu do veículo e foi tomar satisfação. Em seguida, segundo relatos, um militante foi agredir o segurança com um pedaço de madeira e, rapidamente, foi impedido pelo desembargador. Toda ação foi registrada por membros da imprensa.

Ainda na carta, os movimentos fazem questão de informar que o trabalho do presidente do Tribunal de Justiça em prol das questões agrárias é reconhecido por todos. E apostando na continuidade desse diálogo, o pedido formal de desculpa foi elaborado. A luta histórica dos movimentos na garantia da Reforma Agrária foi colocada no pedido de desculpa.
Abaixo, a carta dirigida ao presidente do TJ.

Senhor Presidente do Tribunal de Justiça de Alagoas,

Em virtude do lamentável incidente ocorrido no dia 17 de agosto, quando as
trabalhadoras e trabalhadores acompanhados pelos movimentos de lata pela terra e reforma agrária em Alagoas - foram dispersos pelo BOPE com uso de bala de borracha e de bombas - envolvendo o veículo que transportava Vossa Excelência, acompanhado com alguns desembargadores, vimos nos retratar e desculpar-nos.

Reconhecemos que Vossa Excelência tem tratado a questão da reforma agrária com atenção e empenho desde a época que assumia a função de desembargador corregedor, quando apurou as irregularidades no cartório de Murici e opinou pela substituição da titular do cartório.

Na condição de desembargador presidente tem atuado com firmeza e sensibilidade social para atenuar os conflitos agrários no estado, tornando-se um interlocutor essencial para evitar derramamento de sangue e preservar os direitos das famílias sem terra.

A Reforma Agrária é uma política do governo federal para diminuir as desigualdades e o sofrimento de milhares de homens, mulheres e crianças que tem nesta política de Estado a única condição para almejarem a dignidade humana. A Reforma Agrária é uma dívida social do governo brasileiro.

Vossa excelência tem acompanhado de perto a morosidade do Estado Brasileiro em promover a Reforma Agrária e a opção por uma política de migalhas para os pobres,
sem alterar as estruturas coloniais das capitanias hereditárias.

Lamentamos o acontecido com o veículo do Tribunal de Justiça e esperamos que não seja caracterizado como uma ação contra o Poder Judiciário e, muito menos, contra
Vossa Excelência.
Apostamos na continuidade do diálogo por conhecer a vossa grandeza e a sensibilidade com as vidas dos mais fragilizados e historicamente excluídos do direito a terra.

Por fim, queremos esclarecer alguns pontos para contribuir na leitura do ocorrido não como um todo, mas como parte de uma situação criada pela assessoria da Presidência da República:

- No dia 16 de agosto, atendendo solicitação da presidenta da CUT Amélia Fernandes, as coordenações dos movimentos do campo, reuniram-se com os assessores
da Presidência da República, entre eles José Claudenor Vermohlen (Zeca), para discutir à respeito da participação durante a visita da presidenta Dilma para a inauguração da
fábrica da Brasken, em Marechal Deodoro;
• Fornos informados que os manifestantes ficariam à 300m de distância da presidenta e de seus convidados;
Chegando ao trevo que dá acesso ao pólo, cerca de 10 km de distância do local do evento, fomos abordados pela Polícia Militar de Alagoas, que impediu o acesso ao local definido pela assessoria da presidência;
Entrando em contato com o assessor da presidência, José Claudenor Vermohlen, informamos que fomos impedidos de chegar ao local pelo aparato policial,
e o mesmo nos informou que a ordem do bloqueio partiu do Governo do Estado de Alagoas. Em contato telefônico com secretário do gabinete civil, Álvaro Machado, alegou-se que a ordem de não permitir o acesso veio da Presidência da República;
* A interdição da rodovia, era simplesmente para garantir o acesso ao local e a entrega da pauta de reivindicação dos movimentos do campo;
Ainda em processo de negociação, chega o Bope disparando balas de borrachas e bombas de efeito moral, numa verdadeira ação de guerra contra cerca de
250 trabalhadores, incluindo crianças, idosos e unia gestante.

Maceió. 20 de agosto de 2012.
MST, CPT: MTL e MLST
 

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