O primeiro contato mais prolongado que R7 Carros teve com o Sonic foi positivo, ainda que o câmbio automático não colabore muito com o desempenho honesto do hatch. Reavaliado (agora na versão manual), o modelo contornou alguns defeitos e reafirmou suas virtudes — que começam, literalmente, na cara.
Ainda que o visual do Sonic não seja uma unanimidade, ele supera o desafio de chamar a atenção sem apelar para recursos como enormes grades cromadas ou aerofólios proeminentes. Não é uma opção para quem busca discrição, ainda mais quando o carro estiver pintado no chamativo Azul Boracay, como a unidade avaliada. O branco, a cor da moda, talvez seja uma opção melhor — com certeza ela é a mais econômica, pois o tom é o único que não adiciona nada mais ao preço do Sonic.
Valor que, aliás, é salgado: R$ 46,2 mil para a versão LT e R$ 48,7 mil pelo LTZ, que ganha sistema de som com Bluetooth, rodas de liga-leve de 16 polegadas e bancos de couro. Em comparação, um Ford New Fiesta equipado com os mesmos acessórios custa R$ 47.080 e ainda traz mimos como assistente de partida em rampa.
O hatch mexicano foi convocado por R7 Carros para um comparativo, mas a Ford não disponibilizou o modelo. O que é uma pena, pois seria um páreo duro. Apesar de ser levemente mais “antigo”, o Ford apresenta dinâmica superior à do Sonic, principalmente nos detalhes.
No dia-a-dia do trânsito urbano, o Sonic cumpre bem o seu papel, com uma suspensão macia, câmbio com engates precisos (ainda que um pouco longos) e marchas bem escalonadas, que aproveitam melhor os 120 cv (116 cv com gasolina) do 1.6 16V que equipa o modelo. Mas enfrente buracos, uma curva um pouco mais rápida ou até uma compra no supermercado que o Sonic revela suas escorregadas.
A suspensão cede a impactos mais fortes, podendo bater no final do curso do amortecedor em valetas, situação que poderá atingir, por tabela, o para-choque dianteiro. Em curvas, ela não transmite muita confiança, principalmente por causa da altura do Sonic, 1,52 m, contra 1,45 m do novo Fiesta. E o porta-malas de parcos 265 litros proporciona uma economia compulsória na hora de fazer compras.
O lado bom é que o dinheiro poupado nas compras será bem-empregado, seja nos reabastecimentos, seja na hora de fazer o seguro. Além de registrar elevados 8,1 km/l de consumo urbano com etanol, o Sonic possui a apólice, em média, 13% mais cara do que a do New Fiesta em cotações feitas com o mesmo perfil.
Detalhes que podem inviabilizar a compra do carro por um consumidor mais racional. Mas não precisa desanimar: em 2013, ele começa a ser fabricado no México (o atual é importado da Coreia do Sul), podendo sofrer reduções no preço e receber as pequenas melhorias de que precisa.