Vagas de emprego para jovens, educação de qualidade, cursos profissionalizantes e policiamento contínuo e eficaz. Essas foram algumas das demandas apresentadas por estudantes aos vereadores da Comissão Especial de Inquérito (CEI) da Violência, que realizou audiências públicas com alunos de uma escola pública e outra particular. Na visita que os vereadores fizeram ontem (15) à noite aos estudantes da escola estadual Geraldo Melo, no Graciliano Ramos, e hoje (16) pela manhã no colégio Motivo, no Stella Maris, as realidades são diferentes, mas apresentam um mesmo ponto em comum: o medo da violência.

Nas explanações feitas aos alunos, o consultor da CEI, advogado Pedro Montenegro, apresentou números que constam nos relatórios do Índice de Homicídios e no Mapa da Violência, os quais apontam que áreas muito populosas da cidade, que ficam na periferia, são os bairros com maior número de casos de violência, especialmente homicídios. Nessa relação, Jacintinho, Benedito Bentes, Tabuleiro e Cidade Universitária são identificados como os mais violentos de Maceió.

Ainda de acordo com números oficiais, a taxa de homicídios aumentou 245% na última década, tirando o Estado da décima colocação para a liderança em violência. “É preciso fazer o diagnóstico para tratar da doença”, explicou Pedro Montenegro. Na conversa com os estudantes do colégio Motivo, mais de 80% dos alunos questionados responderam já terem sido vítimas de violência, principalmente assalto. Na escola Geraldo Melo, uma mãe, que é matriculada na unidade de ensino, relatou o drama vivido com o assassinato do filho de 19 anos, vítima de um assalto.

O presidente da CEI da Violência, vereador Ricardo Barbosa (PT), explicou que ouvir os estudantes foi um fato importante por servir de subsídio aos trabalhos da comissão. “É impressionante o número de casos de violência envolvendo os jovens na faixa de até 19 anos e é essa juventude quem poderá apresentar suas observações, que serão incluídos no pré-relatório da comissão para entrega ao governo federal”, disse Barbosa. “Inclusive, no próximo dia 29, o responsável pela elaboração do Mapa da Violência, Júlio Jacob, estará em Maceió para nos auxiliar no trabalho. Vamos apontar diagnóstico e possíveis soluções para o problema”, acrescentou.

O relator da CEI da Violência, vereador Marcelo Malta (PC do B), destacou que os jovens falam do drama vivido com a perda de amigos, vítima da violência ou que tenham entrado para o mundo das drogas. “Vamos enfrentar esse problema com coragem e vamos vencer essa luta”, resumiu Malta.

As sugestões apresentadas pelos estudantes nas duas escolas serão avaliadas para fornecer dados importantes na elaboração de ações de combate à violência. O trabalho é uma antecipação ao lançamento de um programa específico, do governo federal, que será lançado em breve em Maceió, como projeto-piloto. A CEI da Violência ainda terá outras atividades, antes de apresentar seu relatório final.