Ela é uma sinalização horizontal composta por várias faixas para demarcar uma área exclusiva e de segurança para a travessia de pedestres nas vias públicas. Foi criada com o intuído de facilitar a vida das pessoas e evitar acidentes que culminem com graves feridos ou até mortes.

No entanto, o quesito educação parece inexistente em Alagoas e quando se trata da capital, Maceió, motoristas e pedestres se misturam quando o assunto é respeitar um dos mais importantes sinais de trânsito: a faixa de segurança, conhecida também como faixa de pedestre.

O Código de Trânsito Brasileiro (CTB) traz no artigo 181 que estacionar sobre faixa de pedestre é infração grave com aplicação de multa e remoção do veículo, como medida administrativa. No entanto, o maior problema enfrentado pela população é no momento em que precisa atravessar uma via movimentada.

Poucos são os motoristas que decidem parar e dar a vez aos pedestres pela faixa de segurança. Parar para o pedestre é lei e seu descumprimento, em São Paulo, por exemplo, constitui infração gravíssima, com perda de sete (07) pontos na carteira e multa de R$191,33.

Desrespeitar normas e leis estabelecidas faz parte da cultura do Brasil. Em Maceió, é comum ouvir relatos de pedestres reclamando de motoristas que, além de estacionar em cima da faixa, normalmente não param no trânsito para permitir a passagem dos transeuntes. Vias com intenso fluxo de veículos como Avenida Fernandes Lima é alvo das críticas da população que encontra dificuldades na travessia.

Flagras de desrespeito são comuns em toda Maceió

Mas não precisa ir para locais de movimento constante. Na Avenida Jangadeiros Alagoanos, no bairro da Pajuçara, uma faixa de pedestre localizada em frente ao supermercado Bompreço, deveria facilitar a vida das pessoas, no entanto, conseguir atravessar é uma tarefa árdua. O pedestre precisa contar com a boa vontade do motorista.

A reportagem constatou o fato. Com uma câmera filmadora, foi registrado o desrespeito ao pedestre no momento em que precisa fazer a travessia. Na faixa de segurança tentamos passar para o outro lado da pista, mas pelo menos quatro motoristas ignoraram e continuaram o percurso sem se importar com a ‘parte frágil’ do trânsito. Apenas um veículo deu passagem ao perceber que as cenas eram gravadas.

Durante alguns minutos a reportagem registrou ainda pessoas que esperavam ter espaço para atravessar a avenida. O local fica mais complicado já que a saída do supermercado é praticamente na esquina. Nesta ‘quebra-de-braço’, normalmente quem vence é o lado mais forte, ou seja, quem está motorizado.

O ambulante Edergilson da Silva Bezerra, que trabalha próxima a faixa de pedestre das 08h às 17h, há cinco anos, fala que os condutores não respeitam e que já viu problemas que por muito pouco não foram maiores. “Aqui ninguém para não. Ou você passa correndo ou então espera a boa vontade de um cristão desses. Já vi uma senhora ser atropelada aqui, mas felizmente nada de grave. O que eu vejo mais é discussão. Os motoristas não param e ainda reclamam quando as pessoas passam”, disse.

Já a pedestre Stephanie Lourenço, afirma que todo o dia passa no local e já se acostumou com a falta de educação. “Eu moro e trabalho aqui na Pajuçara, todos os dias passo por aqui e sei como é. Já tenho o jeitinho de atravessar, mas fico rezando que não apareça um louco e coloque o carro por cima”, reclamou.

É preciso educação para ter um trânsito seguro

Há quase dois anos um grave acidente ocorrido na principal avenida de Maceió – a Fernandes Lima – deixou a população chocada e ao mesmo tempo emocionada com o ato de heroísmo de uma mãe. Maria do Socorro Laurindo dos Santos estava com a filha de apenas um ano de idade atravessando a pista quando foi surpreendida por uma van de transporte alternativo que ‘furou’ o semáforo vermelho e as atropelou.

Mãe e filha acabaram sendo arrastadas por cerca de 200 metros pelo veículo, que só parou ao tombar próximo a um posto de combustíveis na região. Testemunhas contaram que no momento do acidente o semáforo estaria aberto para os pedestres, mas o desrespeito às normas de trânsito por pouco não culminou numa tragédia. Parte dos cabelos da mulher foi arrancada pelo asfalto e também ficou presa na van.

Esse é apenas um dos inúmeros casos de acidentes ocorridos diariamente em Maceió devido à imprudência de alguns condutores. Muitos especialistas acreditam que o respeito mútuo entre motoristas e pedestres poderiam reduzir os números de atropelamentos e acidentes com mortes, criando uma nova cultura.

Óbvio que nem sempre a culpa é dos motoristas. Na mesma avenida do citado acidente é bastante comum deparar com cenas de pedestres correndo para poder atravessar a pista, em meio ao vai e vem dos carros, sem a mínima noção da tragédia que pode acontecer. Para a Superintendência Municipal de Transporte e Trânsito de Maceió (SMTT), órgão responsável pela fiscalização do trânsito, é necessário que motoristas e pedestres entendam que cada um possui seu espaço e é importante a consciência do perigo em infringir leis.

O assessor especial do órgão, Amaro Araújo, relatou à reportagem do CadaMinuto que as reclamações de pedestres contra motoristas, no tocante ao desrespeito, são inúmeras, mas que tudo isso se deve a cultura local. “As pessoas sabem que estão infringindo o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), mas preferem a ter que parar o veículo corretamente e cumprir tudo o que é determinado por lei”.

 As campanhas sobre o tema são constantemente elaboradas pela Diretoria de Educação de Trânsito da SMTT, no entanto os resultados ainda são pequenos diante do que era esperado pelo órgão. “Tem locais que o próprio pedestre não respeita a sinalização. Tentamos conscientizar da responsabilidade ao dirigir, mas também àqueles que não seguem o que é disposto nas normas de trânsito. Colocar o pé na faixa de pedestre é obrigação do motorista parar, mas também é obrigação do pedestre respeitas essas normas e não atravessar ruas de forma aleatória. Muitas vezes a faixa está bem pertinho, mas eles preferem não utilizá-la. Isso é uma questão cultural de Alagoas e só terá solução quando for alterada. Diferentemente, em outros locais do Brasil observamos que coisas do tipo não acontecem”.

Sobre alguns questionamentos da população de lugares que não possui a sinalização adequada, a SMTT explica que antes de qualquer atitude do órgão é feito um estudo do local para saber das reais necessidades. E para isso, a comunidade que se sinta ameaçada pelo trânsito local de alguma forma pode contribuir. “Basta entrar com um requerimento e um abaixo assinado solicitando à SMTT essas alterações. Um técnico irá analisar e a partir daí saber das necessidades do local, com instalação de redutores de velocidade, faixas, placas. Mas nada é feito de forma aleatória”, colocou Araújo.

Trânsito seguro é uma questão exercer a cidadania

Algumas dicas são importantes para motoristas e pedestres. No caso dos condutores, ao dar passagem para o pedestre na faixa, o motorista não está apenas exercendo sua cidadania, está cumprindo com uma lei. Sendo assim, sempre que chegar numa faixa, diminua a velocidade e preste atenção para ver se algum pedestre quer atravessar. Caso o pedestre estique a mão você deve parar, aguardar que ele cruze a faixa com segurança e depois siga em frente.

Já no caso do pedestre, a faixa é sua segurança, mas ter cuidado é necessário. Antes de atravessar, olhe bem para os dois lados e estique a mão para pedir passagem. Tenha a certeza de que foi visto pelos motoristas e só atravesse com os veículos parados.