Teve início, nesta quinta-feira (02), o julgamento da Ação Penal 470 no Supremo Tribunal Federal (STF). Os ministros da Suprema Corte se reúnem diante da história conhecida como ‘mensalão‘ para julgar os destinos de 38 réus, acusados de participar de um suposto esquema de compra de votos em troca de apoio aos projetos do governo em votação no Congresso.

O presidente do Democratas em Alagoas, vice-governador José Thomaz Nonô, nomeia o mensalão como maior escândalo político da história do Brasil. “À época fui dos que defendi a apuração rigorosa pelo próprio parlamento e pelo poder judiciário”, recorda Nonô, que considera o julgamento um evento político com repercussões eleitorais. “É o fato novo na fase que antecede o guia eleitoral e deve refletir nestas campanhas, sobretudo nos maiores estados da federação onde os réus mantém reduto”, disse.

Sete anos depois do escândalo a Corte de Justiça mais alta do país começa a julgar a ação que tem 50 mil páginas, 38 réus e 600 testemunhas. O julgamento deve durar, ao todo, cerca de 15 sessões do plenário.

Os réus do processo respondem pelos crimes de formação de quadrilha, peculato, corrupção ativa, corrupção passiva, lavagem de dinheiro, gestão fraudulenta e evasão de divisas. Entre eles os petistas José Dirceu, José Genoíno e Delúbio Soares. A pena mínima é de um ano de prisão para formação de quadrilha e a máxima de 12 anos para peculato, gestão fraudulenta e corrupção ativa e passiva.

“Vou aguardar o desenrolar dos acontecimentos, vez que no Supremo ultimamente tem sido promulgadas decisões surpreendentes. Como por exemplo, a recente decisão que concedeu ao Partido Social Democrático (PSD) participação no fundo partidário e na distribuição do tempo de televisão; em contraste flagrante com a lei de fidelidade partidária e dezenas de decisões dos tribunais superiores, inclusive do próprio Supremo. Daí porque não sou otimista em relação a ‘faxina pública’ que poderá ser realizada, se assim o quiser o Supremo Tribunal Federal. Quando vejo o ministro Dias Toffoli insistir em querer participar do julgamento depois de ser advogado do PT e subordinado de um importante réu do processo, só posso ficar de ‘orelha em pé’, declarou José Thomaz Nonô.

Em recente entrevista à revista Veja, o presidente da Fundação Liberdade e Cidadania, José Carlos Aleluia (Democratas), líder da oposição na época das denúncias do mensalão, disse que a oposição errou ao poupar o presidente Lula, ao ser perguntado se, à época, a cassação poderia de fato acontecer. “A oposição também cometeu um grande erro naquele período. A oposição não se uniu em torno da eleição do José Thomaz Nonô à presidência da Câmara. A história de um eventual impeachment teria sido totalmente diferente se o Nonô tivesse ganho a eleição”, afirmou José Carlos Aleluia.