Londres, dia 4: o peso da alma de Phelps é medido em toneladas

31/07/2012 18:45 - Outros Esportes
Por Redação
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É uma maluquice. Dizem que se temos, por exemplo, exatos 70 quilos no instante de nossa morte, passaremos a ter 69 quilos e 979 gramas um segundo depois, quando já tivermos batido as botas. O leitor, antenado que é, há de perguntar: onde cargas d’água foram parar os 21 gramas que sumiram repentinamente de nosso peso de defunto? Um ex-cientista americano, já falecido, jurava de pé junto que tinha a resposta. Esses 21 gramas são o peso da alma, dizia ele. O cara era um bocado pirado e, para provar sua tese, pesou seis pessoas pouco antes e pouco depois de elas morrerem. Bingo: todas elas perderam peso – geralmente, 21 gramas. Mas o criador da tese, chamado Duncan MacDougall, teve um porém na formulação dela, uma ressalva que deixa os resultados sob suspeita: ele não viveu o bastante para poder pesar Michael Phelps.

No caso do nadador americano, o experimento deveria ser mais amplo, para explicar como é que esse cara, com uma alma que pesa toneladas, consegue boiar. Mais: como ele consegue nadar? Mais ainda: como ele consegue ganhar, atenção, 15 medalhas de ouro? Mais ainda ao quadrado: como ele consegue se tornar o sujeito que mais ganhou medalhas (são 19!) na história dos Jogos Olímpicos?

Que os céus cuidem com carinho da alma (tenha ela o peso que tiver) de Duncan MacDougall, falecido em 1920. Mas não é pecado abrir algumas exceções na tese dele – que depois inspiraria um filmaço, chamado justamente “21 Gramas”, dirigido pelo mexicano Alejandro Iñárritu, com Sean Penn no elenco. E a exceção que nos cabe nesta terça-feira é Michael Phelps. Ele não pode ter, ao alcançar uma marca tão absurda, ao quebrar um recorde que durava quase meio século, uma alma igual à de todos os outros. Em um dia de altos e baixos para o esporte brasileiro em Londres, o nadador americano virou o maior vencedor da história das Olimpíadas - gostemos dele ou não. 

Phelps colocou mais duas medalhas na sua coleção nesta terça-feira. Foi prata nos 200m borboleta, superado pelo sul-africano Chad le Clos na última braçada, em prova daquelas de eliminar qualquer vestígio de fôlego. E depois fechou a participação da equipe americana nos 4x200m livre. No instante em que encostou seus dedos na marca final, ele virou história. Com sua 19ª medalha em Olimpíadas, superou a ex-ginasta Larissa Latynina, nascida na Ucrânia, que representou a União Soviétiva nos Jogos de Melbourne 1956, Roma 1960 e Tóquio 1964. A marca, portanto, durava 48 anos.

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