O presidente dos Direitos Humanos do Conselho Estadual de Segurança Pública (Conseg), advogado Everaldo Patriota, contou ao CadaMinuto bastidores do episódio sobre a denúncia de crime de tortura de um presos com envolvimento na morte do policial civil Anderson Lima, integrante do Tigre (Tático Integrado Grupo de Resgates Especiais), e do vigilante Aldessandro Ferreira Silva. O crime aconteceu em 12 de novembro de 2009, quando ambos foram mortos ao reagirem a um assalto à agência da Caixa Econômica Federal, no Centro de Maceió.

Patriota contou à reportagem que em 2009, ano de eleição à presidência da Ordem dos Advogados do Brasil em Alagoas (OAB/AL) a qual era candidato, recebeu um telefonema do advogado de um dos presos, que denunciava não conseguir ter acesso ao cliente. Everaldo Patriota, então, telefonou para o secretário de Estado da Defesa Social, na época, Paulo Rubim. “Quando conversei com o secretário ele me disse que o preso estava ‘estourado’ , ou seja, cheio de hematomas pelo corpo, por isso não estava sendo liberado para conversar com o advogado”.

O caso veio à tona na semana passada, justamente devido os nomes de dois chefes da cúpula da segurança pública, que teriam participação na sessão de tortura: o delegado-geral da Polícia Civil, Paulo Cerqueira, e a delegada Ana Luiza Nogueira, chefe da Divisão Especial de Investigações e Capturas (Deic). Eles foram denunciados por quatro promotores (Mário Augusto, Elísio Murta, Sérgio Simões e Miryã Ferro) que passaram um ano num minucioso trabalho de investigação, comprovando desta forma às denúncias.

Reafirmando as denúncias do preso, Everaldo Patriota não citou nomes, mas disse que o caso merece uma atenção especial, com uma investigação séria e a apuração dos fatos. Ele disse ainda condenar qualquer postura de ataque contra presos em Alagoas.

O advogado também criticou as declarações do governador Teotônio Vilela Filho durante entrevista coletiva na semana passada. Na ocasião, Vilela afirmou ter total confiança em Paulo Cerqueira e não acreditava nas denúncias. Everaldo Patriota rebateu, dizendo que “não se pode dar um cheque em branco referente a qualquer acusação”.

A denúncia foi encaminhada à Justiça e deverá ser analisada pelo juiz Hélder Loureiro, substituto na 2ª Vara Criminal da Capital. Paulo Cerqueira se mostrou surpreso com a notícia, mas ao mesmo tempo tranquilo, elogiando o trabalho de Ana Luiza Nogueira que, na época, foi a delegada responsável em colher os depoimentos.