Técnicos do Instituto do Meio Ambiente (IMA) e das Secretarias de Estado de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh) e Planejamento e Desenvolvimento Econômico (Seplande) levaram hoje (26), representantes do Instituto de Hidráulica Ambiental da Universidade de Cantabria, na Espanha, para conhecer as lagunas Mundaú e Manguaba. Eles desenham uma parceria que pode resultar em estudos que contribuam com a revitalização do Complexo Estuarino-Lagunar.
“Os órgãos ambientais do estado têm grande preocupação com o Complexo Estuarino-Lagunar Mundaú-Manguaba, o CELMM, por conta do aporte de sedimentos. Há um problema sério de assoreamento das lagunas, mas as ações para resolver isso demandam estudos específicos e imprescindíveis, a exemplo da batimetria que está sendo feita pela Agência Nacional de Águas [ANA]”, explicou Adriano Augusto, diretor-presidente do IMA.
Ele disse ainda que há necessidade de dragar parte do sedimento, entretanto antes seria preciso realizar estudos detalhados, por exemplo, sobre o tipo de sedimento encontrado ali e a dinâmica hidráulica, “já que a troca de água com o mar é fundamental para manutenção dos bancos de espécies que se reproduzem naquela área. E isso é importante, ainda mais porque é sabido que pelo menos cinco mil famílias sobrevivem diretamente das lagunas, com a pesca”.
Bruno Pimentel, um dos pesquisadores do Instituto de Hidráulica Ambiental – que trabalha com vídeo monitoramento principalmente em áreas de lagos e rios, explicou que “se a gente não sabe o que tem embaixo, não dá para mexer na hidrodinâmica”. Ele observou ainda que, aparentemente, os impactos sobre as lagunas parecem relativamente fáceis de serem resolvidos, “uma vez que se tira a pressão que tem causado os problemas”.
Os principais problemas do CELMM são: assoreamento, ocupações irregulares e pressão imobiliária, deposição de resíduos sólidos e esgotos, presença de indústrias e pressão causada pelos aglomerados urbanos do entorno.
As lagunas Mundaú e Manguaba estão localizadas no litoral central do estado de Alagoas, entre os tabuleiros e o oceano. A Mundaú possui cerca de 27 km², sendo receptora do rio Mundaú. A Manguaba, com cerca de 42 km², é alimentada pelos rios Remédios, Paraíba do Meio e Sumaúma. A ligação entre as duas lagunas ocorre por uma série de canais interligados, com cerca de 12 km². Perfazendo uma área total de cerca de 81km².
Segundo Alyne Vieira, da Secretaria de Estado de Planejamento e Desenvolvimento Econômico (Seplande), o grupo chegou na segunda-feira. Desde então, realizou uma reunião na Semarh, com a presença da defesa Civil, Corpo de Bombeiros e Universidade Federal de Alagoas; visitas ao município de Branquinha, para conhecer a área atingida pela cheia causada pelas chuvas, e a União dos Palmares, para conhecer a estação meteorológica mantida pela Semarh.
A Seplande é a responsável pela interlocução de projetos em parceria com a Agência Espanhola de Cooperação e Desenvolvimento (Aecid), através do Instituto Ambiental Brasil Sustentável (Iabs).