A unidade da GM (General Motors) em São José dos Campos dispensou todos os funcionários na madrugada desta terça-feira (24) temendo possíveis mobilizações dentro da unidade. A fábrica amanheceu fechada e isolada. Por volta das 5h, não era permitida a entrada de nenhum trabalhador.

O fechamento ocorre em meio a negociações entre a empresa e o Sindicato dos Metalúrgicos sobre o destino dos cerca de 1.500 trabalhadores da linha de produção conhecida como MVA (Montagem de Veículos Automotores), que pode ser desativada pela empresa. Na manhã desta terça, apenas 300 funcionários foram à porta da fabricante porque, segundo o sindicato, os motoristas dos ônibus da empresa passaram nos pontos entregando um comunicado oficial aos funcionários.

Em nota, a GM informou que decidiu dispensar os trabalhadores - sob licença remunerada - porque temia que a fábrica fosse invadida.

O sindicato prepara uma nova assembleia para a tarde desta terça. No evento, eles devem discutir com os funcionários a possibilidade de a fábrica demitir os trabalhadores do MVA. Segundo o sindicato, isso pode ocorrer via telegrama no próximo fim de semana. Procurada, a GM não confirmou as demissões.

No comunicado, a empresa informou que "entende que o momento atual é delicado e prefere não expor seus empregados a incitações e provocações comuns em caso de mobilizações internas".

A empresa informou ainda que "recomenda que todos os funcionários permaneçam tranquilos em suas casas ao lado de seus familiares e aguardem novas instruções".

Os funcionários que chegaram a ir para a porta da empresa se disseram preocupados com o futuro da GM. "Está todo mundo apreensivo. Se tiver alguma demissão na GM, muitas empresas terceirizadas como a minha serão afetadas", disse Agnaldo de Araújo Santos, de 31 anos, que trabalha em uma terceirizada da GM.

Há 18 anos na GM, o empilhadeirista José Monteiro Silva, de 47 anos, disse que o expediente foi normal na segunda-feira (23). "Apesar da tensão que existe, o dia de trabalho foi normal. Ninguém esperava por isso. Fomos todos pegos de surpresa", afirmou.

Um funcionário do 3° turno, que pediu para não ser identificado, conta que a notícia pegou todo mundo de surpresa. "O líder da nossa área reuniu os funcionários por volta das 3h, na hora do nosso lanche. Tinha cerca de 30 pessoas e percebemos que ele estava abatido. Disse que não sabia de nada e só tinha uma ordem para que a fábrica fosse evacuada em 20 minutos", contou.

As reações foram diversas. "Mesmo trabalhando direitinho, a gente sente que está com a corda no pescoço. Vi funcionário que começou a socar a mesa, dizendo que precisa do emprego, outros com olhos marejados. É um clima muito ruim", explicou.

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