A greve dos professores na Universidade Federal de Alagoas (Ufal) não tem data para terminar. A proposta do Governo Federal de um reajuste e um novo plano de carreira aos professores não agradou já que ficaria muita além das expectativas da categoria. A recomendação do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes) é para que a paralisação em todos os estados do país não se encerre.

Os professores federais em Alagoas estão em greve desde o dia 17 de maio, interrompendo, desta forma, o prosseguimento do ano letivo. A proposta do governo, em reunião na última sexta-feira (13) entre representantes sindicais e o secretário de Relações do Trabalho do Ministério do Planejamento, Sérgio Mendonça, é de que plano entraria em vigor a partir de 2013 e os aumentos chegam, em alguns casos, até 45% ao fim de três anos, considerando os 4% já concedidos em 2012.

A Associação dos Docentes da Ufal (Adufal) classificou como “imoral, inverídica e antiética”. De acordo com o presidente em exercício da entidade, Márcio Barbosa, os professores estão sem reajuste desde o ano de 2009 e não há a menor chance para que a proposta seja aceita. “A inflação entre 2009 a 2015 deve ter um aumento de mais de 36%, quando terá o reajuste equiparado. Esses 45% oferecido pelo governo federal só atingiria quatro professores titulares, num quadro de 1500 em Alagoas”, colocou.

A entidade pede que a mesa de negociação seja reaberta e que uma proposta decente seja oferecida à categoria. Enquanto o impasse persistir, milhares de estudantes continuam fora da sala de aula. “A proposta é imoral, um texto feito às pressas que não condiz com a realidade do nosso estado. Não há uma convergência de pensamentos entre professores e Executivo. A tendência é que a greve continue”.

Já são mais de 60 dias de paralisação. A Ufal reconhece o movimento dos professores e o Conselho Universitário acatou a decisão de suspensão de todas as atividades de ensino. Em Alagoas, a adesão é de 100% dos docentes, que dentre outras reivindicações, está a não privatização do Hospital Universitário.

Pela proposta do governo, durante os próximos três anos, o professor titular com dedicação exclusiva passará de uma remuneração de R$ 11,8 mil para R$ 17,1 mil. Já o professor inicial com doutorado e dedicação exclusiva, o salário passará a R$ 8,4 mil. No caso dos professores que estão na universidade, com título de doutor e dedicação exclusiva, a remuneração terá um aumento de R$ 7,3 mil para R$ 10 mil.

A proposta apresentada pelo governo, de acordo com a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, terá um impacto no Orçamento de R$ 3,9 bilhões para os próximos três anos. Esse valor será dividido em R$ 1,56 bilhão (40%) para 2013, R$ 1,17 bilhão para 2014 (30%) e outro R$ 1,17 bilhão (30%) para 2015.

A paralisação dos professores atinge 56 das 59 universidades federais, além de 34 institutos federais de educação tecnológica, dos 38 existentes. A próxima reunião entre representantes da categoria grevista e do governo federal está agendada para dia 23 de julho. Enquanto o impasse continuar, os professores das universidades continuam em greve.