Após os conflitos entre torcedores do CRB, do América de Natal e a Polícia Militar de Alagoas, que resultou na morte do jovem Jonatas Daniel dos Santos, 24, torcedor do Galo da Pajuçara, e na prisão de Al Unser Ayslan Silva do Nascimento, 21, torcedor do América, o presidente da torcida organizada potiguar disparou contra a PM de Alagoas, a quem acusou de tortura e ser culpada pelo crime.

De acordo com o representantes da Máfia Vermelha, Junior da Rocha, a falha da Polícia Militar gerou os conflitos e a torcida visitante teve de recuar, por conta do grande número de torcedores do CRB. A torcida do América esteve em Maceió com aproximadamente 100 torcedores, enquanto parte da torcida do CRB que participou da confusão, girava entre 200 e 300.

“Nós avisamos ao responsável pelo policiamento que iríamos sair. Ele garantiu cobertura, mas quando saímos, nos deparamos com um grande número de torcedores do CRB e não teve como evitar o encontro. Nós, em número menor, tivemos que recuar e a polícia foi quem chegou de forma errada. Não vimos quem atirou, mas somos vítimas”, disse Rocha.

Segundo o torcedor, as confusões no estacionamento do estádio, culminando na morte de Jonatas Daniel,foram lamentáveis, mas os abusos estavam apenas começando, uma vez que torcedores do América sofreram tortura.

“Quem estava presente no local da confusão viu o tempo que ficamos lá parado. Depois, ficamos de 22 horas (sábado) até 16 horas (domingo) em frente à delegacia de homicídios, sem poder descer do ônibus pra nada. Ir no banheiro, comer, beber água, nem pensar e se a gente pedisse alguma coisa, recebia spray de pimenta no rosto. Estou todo queimado aqui”, contou o presidente da torcida organizada do América.

Outra grave acusação foi com relação à descoberta do culpado. A Polícia Civil confirmou que Al Unser Ayslan da Silva Nascimento é o principal acusado, que veio a confirmar o crime nesta segunda-feira.

Porém, o torcedor teria assumido o crime por conta das torturas sofridas pela polícia. Segundo Rocha, Al Unser, como é chamado, estava irreconhecível e que a mãe pensou em sem matar quando viu a situação do filho.

“Eles (PM) colocaram torcedor contra torcedor, até que alguém assumisse o crime. Disseram que encontraram um facão, que foi torcedor do CRB que jogou na gente, inclusive tem marcas no ônibus, um policial disse que achou arma, que não era nossa. Pedimos clemência pelo Al Unser, porque ele está assumindo por uma coisa que não fez”, afirmou.

Com relação ao segundo jogo e possíveis conflitos, tanto a torcida como a diretoria do clube afastam a possibilidade de violência e que a segurança será reforçada.

“A torcida do CRB não pode reclamar, porque aqui, a polícia age de forma correta. Se for preciso, vão buscar na entrada do Rio Grande do Norte e vão deixar de volta. Não queremos novos conflitos”, afirmou Rocha.

O CadaMinuto entrou em contato com um dirigente do América. O presidente do clube, Alex Padang, está em viagem à Europa e quem se pronunciou sobre o caso foi o gerente de futebol, Leandro Sena.

“Nós repudiamos totalmente esse tipo de violência. Essa fatalidade nos pegou de surpresa e estamos tomando providências com relação a isso. A direção vai realizar uma reunião e vamos tratar desse problema e posteriormente conversar com as torcidas organizadas. Com relação ao próximo jogo, o Ministério Público já tinha um trabalho de prevenção junto com a polícia e nos próximos jogos não serão diferentes”, lembrou o dirigente.