A deputada federal Luiza Erundina (PSB) voltou a afirmar que o pré-candidato do PT à prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad, é o "melhor candidato" na disputa e confirmou que vai participar da campanha petista. "Não estou negando meu apoio a um projeto que sem dúvida nenhuma é o melhor (...) Nos reposicionamos após isso (o apoio do PP de Paulo Maluf à chapa petista). Depende de como isso vai se dar, mas vamos ficar na rua", afirmou em entrevista à revista Fórum nesta segunda-feira.
Durante a entrevista, transmitida ao vivo pelo site da revista, Erundina comentou a desistência de ser vice de Haddad, após selada a união entre o PP e o PT na casa de Paulo Maluf e com a presença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A deputada disse que a foto que causou protestos nas redes sociais "mais do que me irritou, me agrediu", afirmou.
"Aquela imagem com o Maluf, o Lula afagando o Haddad nos jardins daquela mansão, como se tudo fosse a mesma coisa e não é, não é a mesma coisa. Na primeira informação (sobre a aliança) eu não tive possibilidade de avaliar se isso seria bom ou não. Mas eu sei distinguir os grupos e os meios", afirmou.
A deputada afirmou que seu gesto tem uma preocupação com seus princípios políticos e pessoais. "Eu faço política com uma preocupação pedagógica. Meu partido conhece também meus compromissos (...) Como educadora, penso: como chega ao imaginário popular essas alianças com pessoas antagônicas?", questionou.
Mesmo com o conflito na concepção da aliança, Erundina afirmou que se considera tão "petista quanto antes, nos princípios". "Quando eu digo que mudei de casa, mas sigo na mesma rua, isso é real. Os princípios que eu aprendi e que incorporei são inspirados no socialismo, não abri mão deles", afirmou.
Questionada por internautas sobre o apoio que ela recebeu do ex-governador Orestes Quércia (morto em 2010) na eleição de 1988, ela rechaçou a comparação com a aliança entre Maluf e o PT. "Eu não comparo Quércia a Maluf. O Quércia foi perseguido, o Maluf foi artífice, foi um dos atores principais que mantiveram o golpe, que atrasaram a democracia no País. Não dá pra comparar", disse.
Erundina criticou o governo do prefeito Gilberto Kassab (PSD) e chamou de "higienização" a política pública para a cracolândia. "Essa política higienista é repugnante e não é eficaz. Tem um viaduto perto da onde eu moro e a população da rua ocupa o viaduto pela manhã, desaparecem e voltam à noite. Isso é danoso ao cidadão e fica aquela coisa de gato e rato. Eles se escondem em algum buraco enquanto os guardas estão por lá, e depois voltam. Isso é inaceitável em uma cidade como São Paulo. Isso não é de interesse (do atual gestão), temos que negar qualquer apoio a essa política e reverter esse quadro, oferecer possibilidades a essas pessoas", afirmou