CPI do Cachoeira recebe novos áudios da Operação Monte Carlo

21/06/2012 21:30 - Brasil/Mundo
Por Redação

O senador Vital do Rêgo (PMDB-PB) informou que, até o fim da tarde desta quinta-feira, a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Cachoeira deve receber 57 novos áudios gravados com autorização da Justiça e que integram o inquérito resultante da Operação Monte Carlo, da Polícia Federal. A comissão investiga o esquema de corrupção e exploração de jogos ilegais que seria comandado por Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, além do envolvimento dele com agentes públicos e privados.

O presidente da CPI disse ter solicitado ao relator, deputado Odair Cunha (PT-MG), que fosse a Goiânia acelerar a liberação desses documentos. Segundo o senador, o processo enviado à comissão pelo Supremo Tribunal Federal (STF) "contém inconsistências" quando as informações são comparadas com matérias veiculadas pela imprensa. Ele acrescentou que existem trechos que estão incompletos ou simplesmente não existem, por isso a necessidade da íntegra dos áudios.

Vital do Rêgo já determinou aos técnicos da CPI que os novos áudios sejam disponibilizados nos computadores instalados na sala-cofre da comissão para a consulta dos parlamentares.

Carlinhos Cachoeira
Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.

Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram contatos entre Cachoeira e o senador democrata Demóstenes Torres (GO). Ele reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios legais.

Nos dias seguintes, reportagens dos jornais Folha de S.Paulo e O Globo afirmaram, respectivamente, que o grupo de Cachoeira forneceu telefones antigrampos para políticos, entre eles Demóstenes, e que o senador pediu ao empresário que lhe emprestasse R$ 3 mil em despesas com táxi-aéreo. Na conversa, o democrata ainda vazou informações sobre reuniões reservadas que manteve com representantes dos três Poderes.

Pressionado, Demóstenes pediu afastamento da liderança do DEM no Senado em 27 de março. No dia seguinte, o Psol representou contra o parlamentar no Conselho de Ética e, um dia depois, em 29 de março, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski autorizou a quebra de seu sigilo bancário.

O presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), anunciou em 2 de abril que o partido havia decidido abrir um processo que poderia resultar na expulsão de Demóstenes, que, no dia seguinte, pediu a desfiliação da legenda, encerrando a investigação interna. Mas as denúncias só aumentaram e começaram a atingir outros políticos, agentes públicos e empresas.

Após a publicação de suspeitas de que a construtora Delta, maior recebedora de recursos do governo federal nos últimos três anos, faça parte do esquema de Cachoeira, a empresa anunciou a demissão de um funcionário e uma auditoria. O vazamento das conversas apontam encontros de Cachoeira também com os governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás. Em 19 de abril, o Congresso criou a CPI mista do Cachoeira.
 

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