Para superar PIB, ONU apresenta novo indicador de desenvolvimento

17/06/2012 13:50 - Economia
Por Redação

A Organização das Nações Unidas (ONU) se somou a diversos especialistas em economia e meio ambiente e apresentou neste domingo relatório sobre um novo indicador para medir o desenvolvimento das nações, mais amplo que o Produto Interno Bruto (PIB) e o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Segundo o pesquisador da Universidade das Nações Unidas, Pablo Munoz, os países precisam incluir outros fatores - como proteção ambiental e inclusão social - para se alcançar o desenvolvimento sustentável.

O Relatório de Riqueza Inclusiva, elaborado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) e pela Universidade das Nações Unidas sobre Mudança Ambiental Global, é um novo indicador que leva em conta, além do capital fabricado em um país, o capital humano e natural. "O PIB é um indicador que há muitos anos serve para medir a riqueza das nações, mas precisamos aproveitar esse momento da Rio+20 para mostrar que ele possui muitas lacunas. Precisamos ir além, unindo o capital humano e natural", disse Munoz.
O relatório apresentado pela ONU levou em conta dados de 19 anos, de 1990 a 2008, de 20 nações. "Nessa análise pudemos perceber que muitas nações, embora tenham um PIB elevado, apresentam grande degradação dos recursos naturais. E para promover o desenvolvimento sustentável, isso precisa ser levado em conta. Precisamos contabilizar o que vai ser deixado de legado para as futuras gerações", afirmou o pesquisador ao destacar que o novo indicador compreende uma medida para analisar o desenvolvimento a longo prazo.
Segundo o professor Anantha Duraiapppah, chefe da Unidade de Economia de Serviços de Ecossistemas do Pnuma, o relatório apresentado hoje não busca substituir o PIB. "Não precisamos de uma única medida, mas de um complemento", afirmou. Questionado sobre quando o novo modelo deve começar a ser empregado pelos países, ele disse que não há um prazo. "O estabelecimento do PIB levou muito tempo para se efetivar. É difícil dizer quando isso será adotado, depende dos países, da liberação dos dados".
Ele confessou também que o Relatório de Riqueza Inclusiva possui algumas lacunas, já que foi difícil contabilizar todos os indicadores dos países. "Mas isso não prejudica a robustez do documento", minimizou ao ressaltar que um novo relatório será apresentado em dois anos. Duraiapppah ainda pediu a colaboração das nações na divulgação dos seus dados e do apoio de instituições como Unesco e Organização Mundial do Trabalho para poder quantificar o capital social e ambiental.
Rio+20
Vinte anos após a Eco92, o Rio de Janeiro volta a receber governantes e sociedade civil de diversos países para discutir planos e ações para o futuro do planeta. A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, que ocorre até o dia 22 de junho na cidade, deverá contribuir para a definição de uma agenda comum sobre o meio ambiente nas próximas décadas, com foco principal na economia verde e na erradicação da pobreza.
Composta por três momentos, a Rio+20 vai até o dia 15 com foco principal na discussão entre representantes governamentais sobre os documentos que posteriormente serão convencionados na Conferência. A partir do dia 16 e até 19 de junho, serão programados eventos com a sociedade civil. Já de 20 a 22 ocorrerá o Segmento de Alto Nível, para o qual é esperada a presença de diversos chefes de Estado e de governo dos países-membros das Nações Unidas.
Apesar dos esforços do secretário-geral da ONU Ban Ki-moon, vários líderes mundiais não estarão presentes, como o presidente americano Barack Obama, a chanceler alemã Angela Merkel e o primeiro ministro britânico David Cameron. Ainda assim, o governo brasileiro aposta em uma agenda fortalecida após o encontro.

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