O ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol, Ricardo Teixeira, recebeu R$ 500 mil de Sandro Rossell, dirigente máximo do Barcelona, meses antes do controverso amistoso entre Brasil e Portugal, em 2008, em Brasília. A informação foi confirmada em documentos revelados pelo jornal ‘Folha de S. Paulo’ desta segunda-feira.

No imposto de renda de Rossell, obtido pela Polícia Federal, o valor aparece como um empréstimo a Teixeira, realizado em julho de 2008. Contudo, até 2010, o dinheiro não havia sido devolvido. Dois meses antes da transferência entre os dirigentes, havia sido criada a empresa Ailanto Marketing, com o presidente do Barcelona e Vanessa Precht como sócios.

Segundo os papéis vazados pela Folha, na verdade, Precht, que foi secretária de Rossell, aparece apenas como ‘laranja’ no organograma da empresa de marketing. Através dela, Teixeira recebeu R$ 90 mil reais, em 2009, e outros R$ 115 mil, um ano mais tarde. Os repasses eram feitos sempre em cheques de R$ 10 mil reais, que era o salário que Precht recebia mensalmente da Ailanto.

As suspeitas da Polícia na empresa surgem em novembro de 2008, quando cinco meses após sua criação, a Ailanto ganha, sem licitação, o direito de intermediar o amistoso entre Brasil e Portugal, recebendo R$ 9 milhões governo do Distrito Federal. Posteriormente, com suspeita de superfaturamento, a empresa sofreria uma varredura em sua sede, no Rio de Janeiro, onde foram recolhidos os documentos.

Além dos repasses de um total de R$ 705 mil a Teixeira, constam na ficha da Ailanto indícios de superfaturamento na organização do amistoso da seleção ­ a empresa afirma ter gasto R$ 1,2 milhão com o transporte fretado da seleção portuguesa, mas o recibo obtido pela polícia é de R$ 650 mil - e acusação de desvio de R$ 1,1 milhão em gastos não executados pela empresa.

A Ailanto também é ré em ação do Ministério Público para devolver os R$ 9 milhões recebidos do governo do Distrito Federal. Na época da contratação da empresa, o governador da capital federal era José Roberto Arruda, que, em 2010, ficou preso por dois meses, envolvido em um escândalo de corrupção em Brasília. No mesmo ano, teve seu mandato político cassado.